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Austrália / China

Austrália anuncia suspensão do seu tratado de extradição com Hong Kong

O Primeiro-Ministro australiano, Scott Morrison, anunciou nesta quinta-feira a suspensão do seu tratado de extradição com Hong Kong, em resposta à imposição há um pouco mais de uma semana por Pequim da lei de segurança nacional em Hong Kong, um dispositivo considerado liberticida e que já permitiu a detenção de pessoas sob suspeita de «secessionismo», bem como a proibição de livros considerados «atentatórios à segurança nacional».

O chefe do governo australiano, Scott Morrison, anunciou ontem a suspensão do seu acordo de extradição com Hong Kong.
O chefe do governo australiano, Scott Morrison, anunciou ontem a suspensão do seu acordo de extradição com Hong Kong. AFP
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«A adopção da lei de segurança nacional constitui uma mudança de circunstância fundamental» argumentou o chefe do governo australiano que por outro lado também anunciou que os cerca de 10 mil cidadãos de Hong Kong residentes na Austrália, essencialmente estudantes, vão beneficiar de um prolongamento de cinco anos do seu visto, processo no termo do qual poderão pedir um título de residência permanente, senão mesmo a cidadania australiana.

O governo australiano teceu ainda advertências aos seus cidadãos residentes em Hong Kong ou àqueles que pretendam deslocar-se àquele território sobre «riscos acrescidos de detenção por motivos pouco claros em elo com a segurança nacional».

A resposta de Pequim não se fez esperar, as autoridades chinesas denunciando «declarações irresponsáveis» por parte de Camberra e «ingerências nos seus assuntos internos».

Esta decisão do executivo australiano acontece num contexto em que as relações com Pequim, um dos seus principais parceiros comerciais, têm vindo a piorar.

No passado mês de Abril, a Austrália expôs-se à ira da China ao propor um inquérito independente sobre a origem da propagação da covid-19. Em represálias, Pequim aplicou restrições à importação de carne bovina australiana, taxas aduaneiras de 80,5% sobre a cevada e a recomendação aos seus turistas e estudantes de evitarem a Austrália.

Mais recentemente, a Austrália foi alvo em meados de Junho de um vasto ciberataque por parte de «uma entidade estatal». Sem especificar de que entidade se tratava, muito embora a China figure em boa posição na lista dos potenciais autores do sucedido, o chefe do governo australiano anunciou na altura que o seu país iria investir um pouco mais de 826 milhões de Euros no sector da cibersegurança.

De referir que para além da Austrália, outros países reagiram à imposição da lei de segurança nacional em Hong Kong com a suspensão dos seus respectivos tratados de extradição com aquele território e medidas visando a proteger os cidadãos de Hong Kong. Tal foi o caso do Canadá, mas igualmente da Grã-Bretanha, antiga potência de tutela de Hong Kong, que há dias anunciou a sua intenção de facilitar o acesso à nacionalidade britânica aos cidadãos de Hong Kong.

A França, quanto a si, diz também ponderar uma resposta.Na quarta-feira, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves le Drian, declarou que iria anunciar medidas «atempadamente». Ontem a China retorquiu-lhe que «os assuntos de Hong Kong dizem respeito aos assuntos internos da China» e que «nenhum país tem o direito de se imiscuir neles».

 

 

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