Myanmar: aumenta a tensão entre o exército e os manifestantes anti-golpe
Nesta terça-feira, pelo quarto dia consecutivo, milhares de manifestantes desceram à rua em vários pontos do Myanmar para protestar contra o golpe de Estado perpetrado pelos militares no passado dia 1 de Fevereiro. À medida que vai crescendo a resistência, vai também aumentando a tensão, a lei marcial tendo sido instaurada em algumas cidades.
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Apesar de não haver relatos do uso da violência contra os manifestantes, nesta terça-feira, para além da polícia, pela primeira vez também desceram à rua os militares para fazer frente aos manifestantes que protestam há quatro dias contra o golpe da semana passada. Aos canhões de água já utilizados ontem pelas forças da ordem, juntaram-se também as balas de borracha e o gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.
Em Rangum, pulmão económico do país, os manifestantes acabaram as suas marchas sob as enxurradas dos canhões de água. Em Naypyidaw, a capital politica, testemunhas referem que as forças da ordem recorreram a balas de borracha. Já em Mandalay, a segunda cidade do país, fontes locais indicam que a polícia usou gás lacrimogéneo contra os manifestantes.
Ontem, os militares que retomaram o poder na semana passada decretaram a lei marcial, um recolher obrigatório e proibiram as reuniões com mais de 5 pessoas em várias cidades do país.
Nesta segunda-feira à noite, na sua primeira intervenção televisiva desde o golpe, o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Min Aung Hlaing tornou a prometer a “realização de eleições livres e justas” no final de um período de Estado de emergência de um ano e prometeu um regime militar “diferente” dos anteriores que vigoraram nos últimos 50 anos.
De acordo com a Associação de Assistência a Presos Políticos, para além da líder deposta Aung San Suu Kyi e do presidente do Myanmar, outros 150 responsáveis políticos e activistas permanecem detidos desde o golpe da semana passada.
Perante esta situação denunciada a nível internacional, a Nova Zelândia anunciou hoje a suspensão dos seus contactos militares e políticos com o Myanmar. Paralelamente, a pedido da União Europeia e do Reino Unido, foi agendada para a próxima sexta-feira uma reunião do Conselho dos Direitos Humanos da ONU para discutir a situação vigente na Birmânia.
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