Forte mobilização no Myanmar contra o golpe militar
Pelo terceiro dia consecutivo, nesta segunda-feira, milhares de pessoas desceram às ruas no Myanmar para protestar contra o golpe que há uma semana derrubou Aung San Suu Kyi. Particularmente mobilizados, membros da classe operária responderam pela positiva a um apelo à greve geral.
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Por volta das 10 horas (hora local), mais de mil pessoas, operários, estudantes e religiosos manifestaram em Rangum, a capital económica, juntando-se ao cortejo da Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi, segundo o qual a líder política é mantida em prisão domiciliaria na capital politica do pais.
Marchas semelhantes acompanhadas de concertos de buzinas decorreram noutros pontos do Myanmar nomeadamente em Naypyidaw, capital política do país, onde a polícia usou canhões de água contra os manifestantes causando ferimentos em duas pessoas.
Apesar disto, durante estes três dias de manifestação, a maior mobilização desde a repressão da revolta popular de 2007, o relato é de que o balanço tem sido relativamente pacífico até agora, com 14 breves detenções ontem e nem os cortes de conexão internet, nem o bloqueio das redes sociais como Facebook vigentes nos últimos dias, impedem alguns de contornar as restrições nas comunicações electrónicas.
Não obstante, o exército que controla os órgãos públicos de comunicação social, deixou ontem um aviso na televisão estatal."Devem ser tomadas medidas de acordo com a lei, contra os crimes que perturbam, impedem e destroem a estabilidade do estado, a segurança pública e o estado de direito", afirmava a mensagem.
Paralelamente, em Mandalay, uma das principais cidades da Birmânia e também um dos epicentros da contestação, as autoridades locais decretaram hoje o recolher obrigatório entre as 20 e as 4 horas e restrições tais como a proibição de manifestações ou reuniões com mais de 5 pessoas.
A nível externo, os olhares continuam virados para o Myanmar uma semana depois do golpe militar. Depois de ontem ter expressado a sua "solidariedade com o povo birmanês", o Papa Francisco apelou nesta segunda-feira os militares a libertarem "rapidamente" os responsáveis políticos detidos aquando da retoma do poder pelo exército.
Para além de Aung San Suu Kyi e do presidente birmanês, cerca de 150 pessoas continuam detidas desde há uma semana, segundo a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP).
Perante esta situação, o Reino Unido, a União Europeia e 19 outros membros do Conselho dos Direitos Humanos da ONU pediram nesta segunda-feira uma reunião urgente para debater sobre o Myanmar.
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