Acesso ao principal conteúdo
China / África

8° Fórum de Cooperação China-África arrancou na capital do Senegal

Decorre desde ontem e ainda até esta terça-feira em Dacar, capital do Senegal, o 8° Fórum de Cooperação China-África, encontro que se realiza de dois em dois anos que, dado contexto de pandemia, tem um formato misto, com certos responsáveis a estarem apenas virtualmente presentes, nomeadamente o chefe de Estado chinês. Num discurso transmitido por vídeo, este último prometeu o fornecimento de mil milhões de doses de vacinas contra a covid-19 ao continente africano.

8° Fórum de Cooperação China-África em Dacar, em finais de Novembro de 2021.
8° Fórum de Cooperação China-África em Dacar, em finais de Novembro de 2021. © AFP
Publicidade

"No âmbito da luta contra a covid-19, a China vai fornecer à África mil milhões de doses de vacinas suplementares, incluindo 600 milhões sob forma de doações e 400 milhões noutros formatos, nomeadamente o estabelecimento da produção de vacinas" a nível local, anunciou Xi Jinping numa mensagem na qual também indicou que o seu país vai enviar 1.500 profissionais de saúde para o continente, vai realizar 100 projectos sanitários e vai igualmente apoiar o sector do agro-negócio.

Nesta oitava edição na qual participam 500 responsáveis políticos e empresários africanos e chineses, os organizadores esperam um reforço ainda maior da cooperação com a China que já é o principal parceiro comercial do continente. Contudo, desta vez o encontro tem menores dimensões do que os anteriores, num contexto de crise pandémica mas também de redefinição das ambições das "novas rotas da seda", com os investimentos a passar de 11 mil milhões de Dólares em 2017, a 3,3 mil milhões em 2020.

Também em questão está o tipo de relação que se criou entre a China e os países africanos nestes vinte anos de fóruns de cooperação, a questão da dívida tendo-se tornado central. 

De acordo com o 'China Africa Research Initiative' entre 2000 e 2019, calcula-se que a China tenha emprestado ao continente cerca de 153 mil milhões de Euros, sendo que Angola por si só concentraria 30% desta dívida. Perante esta situação, desde 2016, os valores emprestados são menores e nestes últimos meses, a China aceitou apagar ou reavaliar a dívida de certos Estados.

Foi neste âmbito que o ministro senegalês da Economia, Amadou Hott, preconizou uma relação com a China menos focada na dívida e mais proveitosa para as economias africanas. Ao vincar que o Fórum de Cooperação China-África é uma plataforma “baseada em princípios de igualdade e benefício mútuo”, o governante considerou que esta parceria deveria "ter como objectivo mais investimento estrangeiro directo chinês em África", argumentando que o continente “tem muitos investimentos em dívida" e que ele "precisa de mais investimentos em fundos próprios”.

Paralelamente, ontem durante a abertura do fórum, a chefe da diplomacia senegalesa, Aissata Tall Sall, disse esperar que a China dê apoio na luta contra a insegurança no Sahel, região desestabilizada por grupos jihadistas.

De referir que este 8° fórum de cooperação sino-africano acontece numa altura em que o Secretário de Estado americano Antony Blinken acaba de efectuar há dias uma digressão em alguns países africanos, num contexto de crescente rivalidade entre Washington e Pequim. A China é de longe o principal parceiro comercial do continente, as trocas tendo ultrapassado os 200 mil milhões de Dólares em 2019, segundo dados da embaixada chinesa de Dacar.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.