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Canadá

Papa em "peregrinação de penitência" junto das populações ameríndias do Canadá

O Papa Francisco chegou ontem ao Canadá onde foi recebido pelo Primeiro-ministro Justin Trudeau, pela representante do Commonwealth no país, a inuíte Mary Simon, assim como por dirigentes das comunidades autóctones. O sumo pontífice efectua uma visita de 6 dias colocada sob o signo, como o próprio diz, da "penitência" pelo papel desempenhado pela Igreja católica durante mais de um século nas violências a que foram submetidas milhares de crianças ameríndias no Canadá.

Papa Francisco junto do chefe do governo do Canadá, Justin Trudeau, à chegada a Edmonton neste dia 24 de Julho de 2022.
Papa Francisco junto do chefe do governo do Canadá, Justin Trudeau, à chegada a Edmonton neste dia 24 de Julho de 2022. © AFP
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O sumo pontífice de 85 anos chegou ontem em Edmonton, no estado de Alberta, para a primeira etapa da sua visita de quase uma semana, uma visita em que o Papa Francisco refere pretender ir mais além do que o seu primeiro pedido de desculpas feito no passado mês de Abril.

Em causa está o doloroso passado das comunidades ameríndias que durante mais de um século foram sujeitas àquilo que se denominou de "genocídio cultural". De acordo com a Comissão Verdade e Reconciliação instituída em 2008 para investigar este período da história do Canadá, entre o fim do século XIX e os anos 1990, cerca de 150 mil crianças autóctones foram internadas à força em 130 escolas onde para além de terem sido separadas das suas famílias, da sua cultura e da sua língua, foram submetidas a violências físicas, psicológicas e sexuais. Um sistema que causou pelo menos 6 mil mortos e traumas sobre várias gerações.

Há 14 anos, o governo do Canadá pagou milhares de dólares de indemnizações a antigos alunos desses internatos e pediu oficialmente desculpa por ter criado essas escolas cujo intuito era "matar o índio dentro do coração da criança". A Igreja anglicana que também participou neste plano, fez igualmente um pedido de desculpa. Mas a Igreja Católica que geriu mais de 60% desses estabelecimentos, só agora está a reconhecer o seu papel.

Esta deslocação que acontece numa altura em que o Canadá continua em estado de choque pouco depois da descoberta no ano passado de mais de 1.300 sepulturas anónimas junto desses internatos, é esperada há largos anos pelas comunidades autóctones cuja expectativa é de receber no seu país um novo pedido formal de desculpas e que haja gestos simbólicos como a restituição de alguns dos seus artefactos e obras de arte que estão conservados no Vaticano há décadas.

Na agenda papal, para além de uma visita hoje à localidade de Maskwacis, uma reserva ameríndia a cerca de 100 quilómetros de Edmonton, onde se encontra um desses estabelecimentos que funcionou entre 1895 e 1975 e está também previsto um discurso na Igreja do Sagrado Coração de Edmonton diante das comunidades locais. Antevê-se igualmente uma missa nesta terça-feira na mesma cidade. Na quarta-feira, o Papa desloca-se ao Quebeque e na sexta-feira, deverá ir até ao Nunavut, no extremo-norte do país.

Esta é a primeira visita ao Canadá do Papa Francisco. Antes dele, apenas o Papa João Paulo II esteve no país em três momentos, em 1984, 1987 e em 2002. 

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