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Afeganistão

Um ano depois do regresso dos talibãs, Afeganistão em crise de direitos humanos

Um ano depois do regresso dos talibãs, o Afeganistão vive uma "crise de direitos humanos sem precedentes", aponta a Amnistia Internacional. Os talibãs tomaram o poder há precisamente um ano, a 15 de Agosto de 2021. No último ano, o Afeganistão está em colapso económico, com cerca de 20 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. 

Uma mulher vestida de burca caminha com uma criança numa rua de Cabul, 7 de Maio de 2022.
Uma mulher vestida de burca caminha com uma criança numa rua de Cabul, 7 de Maio de 2022. AFP - AHMAD SAHEL ARMAN
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Ao longo do último ano, os talibãs reverteram duas décadas de progresso em direitos humanos no Afeganistão, aponta a Amnistia Internacional (A.I.) num relatório publicado esta segunda-feira, denunciando "impunidade generalizada para crimes como tortura e assassínios por vingança".

"O que se seguiu ao fatídico dia 15 de Agosto de 2021 é uma crise de direitos humanos numa escala sem precedentes", alerta a AI.

Há um ano, os talibãs chegaram ao poder e assumiram compromissos públicos para proteger e promover direitos humano. No entanto, "a rapidez com que estão a desmantelar 20 anos de ganhos é espantosa", alerta a Amnistia Internacional, acrescentando que "quaisquer esperanças de mudança evaporaram-se à medida que procuraram governar através de uma repressão violenta com total impunidade", descreve Yamini Mishra, directora da organização para o Sul da Ásia.

Também a Organização Não Governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a Comissão para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) publicaram um relatório, indicando que a liberdade de imprensa no Afeganistão se degradou desde que os talibãs tomaram o poder em Cabul, a 15 de Agosto de 2021. O mesmo documento denuncia ainda detenções, agressões e restrições de movimentos a jornalistas, especialmente mulheres.

Para combater as sanções, as autoridades de Cabul apostam na exportação de carvão, em expansão com a crise energética. Metade da população sofre de desnutrição e as mulheres viram os seus direitos regredirem drasticamente.

No norte do país, entre Mazar-e-Sharif e Cabul, seguindo depois para o Paquistão, os caminhões de carvão são os mestres ​​das estradas. As cargas preciosas tornaram-se o principal recurso do Talibãs, cuja prioridade é apostar na extracção de combustíveis fósseis. Desde a queda do antigo regime de Cabul, a 15 de Agosto de 2021, o país vive sob sanções, privado de activos, na ordem dos 9,2 mil milhões de dólares, congelados em bancos americanos e europeus. A economia contraiu entre 20% a 30%.

A ajuda internacional, civil e de segurança, que representa mais de 8 mil milhões de dólares por ano, equivalente a 40% do PIB do país, foi cortada, mergulhando metade da população numa situação de desnutrição aguda, enquanto muitos afegãos perderam empregos e meios de subsistência. Neste contexto, os talibãs apostam fortemente nos recursos minerais. Segundo as autoridades, existem 80 minas de carvão identificadas, das quais 17 operacionais.

Desde o início da guerra na Ucrânia e da crise energética, o carvão é precioso. O Paquistão tornou-se dependente do carvão afegão, uma vez que Islamabad foi privado dos principais fornecedores. O carvão sul-africano é, agora, comprado principalmente pela China, uma vez que as restrições do Covid-19 interromperam as exportações da Austrália e o Emirado Islâmico do Afeganistão aproveitou a oportunidade.

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