Justiça americana impede aborto de adolescente de 16 anos
Um tribunal da Flórida, nos Estados Unidos, alegou na segunda-feira que uma adolescente de 16 anos, órfã de ambos os pais, não tinha maturidade suficiente para abortar. A rapariga seria obrigada a ter o filho ou, então, a ter que se deslocar para outro Estado para levar a cabo o aborto. A decisão escandalizou uma série de deputadas democratas.
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Esta decisão ocorreu menos de dois meses após uma reviravolta histórica do Supremo tribunal norte-americano pondo cobro à garantia constitucional do direito ao aborto que vigorava desde 1973.
Cerca de dez Estados já aproveitaram para ilegalizar o aborto, associações de defesa das mulheres receiam que cerca de metade de todos os Estados possam vir a fazer o mesmo.
Na Flórida o aborto é um direito legal até à 15a semana após a última menstruação.
Isabel Coelho Marques, portuguesa residente em Nova Iorque há três décadas, alega estar-se perante um recuo dos direitos sociais e teme que outros Estados venham a adoptar medidas penalizando o aborto ou, mesmo, que outros direitos sejam postos em xeque, caso da abertura do casamento a casais do mesmo sexo.
"Os Estados Unidos estão num processo de recuo no tempo. É inacreditável ! Mas isto aqui também levanta uma outra questão: "O que é que vem a seguir ?" Neste momento é retirar os direitos da mulher que levaram tanto tempo a conseguir o direito de fazer um aborto, uma decisão de escolha. Se calhar depois vão tirar os direitos às pessoas gays de se casarem ? Isso faz-nos questionar o que virá a seguir ?"
Isabel Coelho Marques, portuguesa nos Estados Unidos, 18/8/2022
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