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Aborto

Número de estados norte-americanos que proíbem aborto continua a subir

Mais quatro estados norte-americanos decidiram esta semana tornar o aborto ilegal em quase todas as situações. Para a investigadora portuguesa Ana Pinharanda, radicada nos Estados Unidos, estas decisões vão contra a vontade da maioria dos norte-americanos e representam apenas um primeiro passo na repressão dos direitos das mulheres no país.

O Idaho juntou-se aos 12 estados norte-americanos que baniram o aborto.
O Idaho juntou-se aos 12 estados norte-americanos que baniram o aborto. AP - Sarah A. Miller
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Idaho, Dakota do Norte, Tennessee e Texas são os últimos a estados a ilegalizarem a realização da interrupção voluntária da gravidez. Nalguns dos casos, como no Texas, o aborto só é mesmo possível se a vida da mãe estiver em perigo e quem ajudar num aborto ilegal pode ser incriminado por homicídio e condenado a prisão perpétua.

Ana Pinharanda, investigadora portuguesa na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, considera que esta vaga de proibições do aborto após a decisão do Supremo Tribunal de Justiça que revogou a decisão de Roe vs Wade, que acautelava a legalidade nacional do aborto, não representa a vontade da maioria dos norte-americanos.

"Foi muito difícil, pessoalmente, aceitar. As leis de um país democrático não deviam ser baseadas nos valores de uma minoria branca, privilegiada, com capital e visibilidade política. Digo minoria porque um inquérito publicado em Junho pela PEW Research Center conclui que 61% dos cidadãos americanos concordam que o acesso ao aborto seja legal. Dos 37% que pensam que o acesso ao aborto deve ser ilegal, 74% são cristãos brancos e evangélicos", disse Ana Pinharanda em declarações a Miguel Martins. 

Serão assim as mulheres mais pobres, que não têm capacidade de se deslocar a outros estados onde o aborto ainda é legal, que vão sofrer mais com estas medidas, segundo a investigadora lusa.

Este é apenas um primeiro passo no retrocesso dos direitos das mulheres nos Estados Unidos, com a investigadora a temer que a criminalização do aborto posso levar muitas mulheres a serem acusadas de homicídio e condenadas judicialmente caso recorram a métodos agora ilegais para terminar a gravidez. Também a própria investigação científica pode ser prejudicada, já que há pedidos para terminar com a investigação em células estaminais. um domínio no qual os Estados Unidos "estão na frente da inovação".

Oiça aqui o testemunho de Ana Pinharanda:

01:03

Criminalização do Aborto Estados Unidos

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