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Incêndios no Havai

Havai: população denuncia inacção das autoridades e distribuidora de energia

O número de mortos no Havai devido aos incêndios mais mortíferos dos Estados Unidos em mais de um século aproximou-se dos 100 no domingo, que arrasou a cidade histórica de Lahaina, na ilha de Maui. Enquanto as equipas de resgate prosseguem uma busca incansável para encontrar mais corpos, aumentam as críticas quanto à acção por parte das autoridades locais.

Foto da destruição provocada pelo incêndio em Lahaina, na ilha de Maui, no estado norte-americano do Havai.
Foto da destruição provocada pelo incêndio em Lahaina, na ilha de Maui, no estado norte-americano do Havai. AP
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O rasto de destruição total é visível um pouco por todo o arquipélago do Havai na sequência dos incêndios de grandes proporções que começaram na terça-feira passada e devastaram cidades inteiras, como é o caso de Lahaina. Localizada na ilha de Maui, esta cidade histórica foi quase inteiramente consumida pelas chamas, que revelaram um cenário apocalíptico à medida que começou a perder a força.

O último balanço divulgado pelas autoridades aponta que morreram 96 pessoas e outras 1000 estão desaparecidas, mas estas alertaram para o facto de o número poder vir a aumentar à medida que as equipas de resgate, com a ajuda de cães farejadores de cadáveres e outros equipamentos, percorrem centenas de casas e veículos queimados em Lahaina. Com estes números confirmados, trata-se do incêndio mais mortífero dos Estados Unidos em mais de um século, superando o de Camp Fire em 2018, que provocou 85 vítimas mortais no estado da Califórnia e reduziu a cidade de Paradise a cinzas.

Enquanto as buscas prosseguem, o número de denúncias e críticas quanto à inacção por parte das autoridades locais não para de aumentar, com a população a estimar que a falta de organização contribuiu para o balanço de vítimas mortais registado. Isto ocorre, pois, as sirenes de alarme da região não estavam activas quando o incêndio começou na terça-feira, como confirmou a Agência de Gestão de Emergências do Havai na semana passada.

Depois da deputada Jill Tokuda, uma das representantes do Havai em Washington, ter admitido no sábado que o Estado "subestimou a letalidade e a rapidez do fogo", e não conseguiu planear eventuais lacunas no seu sistema de alerta, desta vez foi uma senadora que falou a respeito do assunto. Quando questionada no domingo sobre a razão pela qual nenhuma das sirenes da ilha tinha sido activada, a Senadora do Havai, Mazie Hirono, disse que iria aguardar os resultados de uma investigação anunciada pelo Procurador-Geral do Estado.

Se por um lado as autoridades afirmam não conseguir explicar as causas concretas para este incidente, os habitantes do arquipélago começam a mobilizar-se para encontrar respostas. De acordo com a imprensa local, a Justiça do Havai recebeu uma acção colectiva que acusa a maior distribuidora de electricidade da ilha, a Hawaiian Electric, de causar o incêndio.  O processo foi apresentado por três escritórios de advogados que representam as pessoas afectadas pelos incêndios em Lahaina.

No documento, as partes argumentam que a Hawaiian Electric, que fornece electricidade para cerca de 95% daquele estado norte-americano, deixou as suas “linhas de energia operacionais durante as condições previstas de alto risco de incêndio". O processo avança ainda que "a destruição poderia ter sido evitada se os réus tivessem ouvido os avisos do Serviço Nacional de Meteorologia [norte-americano] e desligado a energia das suas linhas eléctricas durante o evento de vento forte que era esperado vários dias antes do início dos incêndios".

Num comunicado publicado no domingo, a Hawaiian Electric disse que até ao momento conseguiu restaurar a energia a 60% dos clientes, e que enviou 300 funcionários ao local para restaurar a energia dos 40% restantes. Sem se referir ao processo, a empresa afirmou que registou danos significativos em partes da rede eléctrica que distribui energia às comunidades em que o sistema permanece frágil, recomendando vivamente aos técnicos que procedam aos reparos com a devida cautela. No comunicado, a distribuidora também alerta para eventuais apagões e pediu aos moradores de Maui que tentassem poupar electricidade.

Cerca de uma semana após o início da tragédia, dois dos três focos de incêndios que devastaram a ilha de Maui ainda estão activos, com as autoridades a avaliar e actualizar constantemente o balanço de vítimas e o valor dos danos causados pelo fenómeno.

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