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Sochi

Vladimir Putin rejeita novo acordo sobre cereais

O Presidente turco quer reconquistar confiança do líder russo, depois de algum distanciamento, mas Moscovo exige contrapartidas. Vladimir Putin voltou a rejeitar novo acordo sobre cereais, enquanto Ocidente não "cumprir exigências".

Presidente turco quer reconquistar confiança do líder russo, depois de algum distanciamento, mas Moscovo exige contrapartidas.
Presidente turco quer reconquistar confiança do líder russo, depois de algum distanciamento, mas Moscovo exige contrapartidas. AFP - MIKHAIL KLIMENTYEV
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Este foi um dos maiores testes à destreza diplomática de Recep Tayyip Erdogan. O Presidente turco que chegou a anunciar que Putin viajaria durante o mês de Agosto para a Turquia, deslocou-se até à residência de verão do Presidente russo para o tentar convencer a retomar o acordo para o escoamento dos cereais ucranianos, que a Rússia abandonou no passado dia 17 de Julho.

No entanto, o Presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou firmar um novo acordo para o transporte de cereais através do Mar Negro enquanto o Ocidente "não cumprir exigências" de Moscovo.

Desde então, o preço dos cereais nos mercados internacionais já aumentou entre 15 a 20%, e a insegurança no Mar Negro cresceu, com ataques russos frequentes a infra-estruturas portuárias ucranianas, e com ataques de drones navais ucranianos a navios de guerra russos. Mesmo cargueiros civis têm sofrido – há duas semanas um cargueiro turco foi inspeccionado pela marinha russa sob ameaça de armas a escassos 50 quilómetros da costa turca do Mar Negro.

Moscovo diz há meses que as contrapartidas incluídas no acordo original – que a Rússia também poderia exportar os seus cereais e fertilizantes – nunca foram concretizadas, porque as sanções internacionais limitam as transacções com bancos russos e as companhias seguradoras recusam-se a trabalhar com transitários russos.

Putin queixou-se ainda de que a maior parte dos cereais ucranianos exportados para os mercados internacionais ao abrigo do acordo, 33 milhões de toneladas em 2022, acabaram por ir para os países europeus (70% disse o Presidente russo) e apenas 3% destinaram-se aos países mais necessitados de África. 

As Nações Unidas e a Turquia têm desenvolvido uma intensa actividade diplomática para tentar ultrapassar o impasse – António Guterres, o secretário-geral da ONU, enviou na semana passada uma carta a Putin com novas propostas, e o chefe da diplomacia turca esteve recentemente em Kiev e em Moscovo para tentar encontrar uma saída negocial.

Moscovo fez, entretanto, uma contraproposta: disse que poderia colocar um milhão de toneladas de cereais russos na Turquia para os mercados internacionais, mas a Turquia e a ONU teimam em restaurar o acordo original – que, durante um ano, escoou 33 milhões de toneladas de cereais ucranianos, ajudando a estabilizar o preço.

Kiev tem explorado também outras rotas de exportação – por ferrovia através da Polónia, ou através de uma rota marítima costeira, através de águas nacionais da Roménia, Bulgaria e Turquia, fora do alcance da marinha russa. Mas nenhuma destas é viável a longo prazo.

Erdogan quererá também desanuviar a tensão recente entre a Turquia e a Rússia, depois de Ancara ter dado o seu apoio à entrada da Ucrânia da NATO, e de ter retribuindo a visita do Presidente Ucraniano Zelensky a Istambul com a libertação de alguns prisioneiros de guerra ucranianos, que deveriam permanecer na Turquia até ao fim da guerra, nos termos de um acordo de troca de prisioneiros mediado por Ancara.

Turquia e Rússia têm importantes relações comerciais, incluindo avultados contratos de exportação de gás natural russo. Uma empresa russa está também a construir a primeira central nuclear turca.

Erdogan e Putin exploraram ainda uma série de outros temas, nomeadamente outros conflitos regionais e uma série de temas bilaterais, do comércio ao turismo. 

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