Brasil e Israel de costas voltadas devido à guerra em Gaza

Médio Oriente – Israel convocou esta segunda-feira o embaixador brasileiro, Frederico Meyer, após as declarações do presidente Lula da Silva neste fim de semana, na Etiópia, na cimeira da União Africana, descrevendo a situação na faixa de Gaza como um genocídio.

Embaixada brasileira em Tel Aviv, aqui a 28 de Outubro de 2018. O Brasil e Israel vivem momento tenso na relação bilateral. JACK GUEZ / AFP

"Vergonhosas e graves", foi desta forma que o chefe da diplomacia israelita, Israel Katz, classificou na rede social X as declarações de Lula da Silva.

O presidente brasileiro discursava na cimeira da União Africana que ontem encerrou em Addis Abeba.

"O que está acontecendo na faixa de Gaza com o povo palestiniano não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás existiu quando Hitler decidiu matar os judeus (...) A resposta desproporcional de Israel vitimou quase 30 000 palestinianos em Gaza. A solução para essa crise só sera duradoura se avançarmos rapidamente na criação de um Estado palestiniano."

Reagindo a Lula o primeiro-ministro israelita, Benjamin Nethanyahu, alegou em comunicado que "comparar Israel ao Holocausto nazi e a Hitler é cruzar uma linha vermelha".

Se os reféns israelitas nas mãos do Hamas não forem libertados antes do início do Ramadão a 10 de Março o Estado hebreu avisa, mesmo, que poderá lançar uma ofensiva contra a cidade de Rafah, no sul da faixa de Gaza e já equaciona o pós guerra.

"Espero que alcancemos um acordo sobre o pós Hamas. E o ponto crítico é quando o Hamas for destruído. A tónica é o após: quando o Hamas sair de cena. Podemos aceitar muita coisa, mas o que é inaceitável para Israel é uma imposição internacional por forma a se reconhecer unilateralmente um Estado palestiniano ou, simplesmente, impor a Israel um Estado palestiniano após os horrores de 7 de Outubro. O povo israelita está, mesmo, unido em relação a isto."

Israel assume a sua determinação na guerra em Gaza e convoca, mesmo, o embaixador brasileiro para demonstrar a sua indignação com a postura de Lula da Silva.