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Artes

Manuel d’ Novas: "Um dos maiores compositores de sempre de Cabo Verde"

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Manuel d’ Novas foi um dos mais importantes trovadores de Cabo Verde e o compositor preferido de Cesária Évora, Bana, Ildo Lobo, entre outros. O seu filho, Neu Lopes, descreve-o como “um dos maiores compositores de sempre de Cabo Verde” e foi para o homenagear que realizou o documentário “Manuel d´Novas – Coração de Poeta”.

Neu Lopes, realizador do documentário “Manuel d´Novas – Coração de poeta”. Mindelo, 26 de Março de 2022.
Neu Lopes, realizador do documentário “Manuel d´Novas – Coração de poeta”. Mindelo, 26 de Março de 2022. © Carina Branco/RFI
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"O Manuel d’Novas foi um dos maiores compositores de sempre de Cabo Verde. É um nome que está por detrás de várias músicas, de vários artistas, incluindo Cesária Évora. É um dos compositores mais profícuos e aquele que abordou praticamente quase tudo o que diz respeito a Cabo Verde”, resume Neu Lopes, realizador do documentário “Manuel d´Novas – Coração de Poeta”.

O meu pai é um herói nacional. Para mim é uma figura proeminente e é uma das figuras que, tal como Cesária Évora, é mais importante do que o Presidente da República praticamente (…) Para sempre vai-se falar do Manuel d’Novas”, continua o cineasta.

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ARTES Neu Lopes em busca do Coração de Poeta de Manuel d’ Novas

Foi com a ternura de filho e a curiosidade de realizador que Neu Lopes decidiu homenagear Manuel d’ Novas, um dos mais importantes e prolíficos compositores de Cabo Verde e o preferido de Cesária Évora, Bana e Ildo Lobo.

Além da homenagem, o cineasta quis fazer “um documento para a posteridade” porque ainda não havia nenhum filme sobre Manuel d´Novas, de forma a que também “as pessoas passassem a conhecer um dos compositores que estavam por detrás de Cesária Évora, por exemplo”.

Há pessoas que dizem que o Manuel – e isso é uma grande verdade – revolucionou a morna, revolucionou a forma de fazer a coladeira. Ele seguiu, antes, compositores como o Ti Goi ou o Frank Cavaquinho, por exemplo, mas depois começou a fazer uma coisa que é própria dele. O Manuel conseguiu conquistar um espaço na cena musical cabo-verdiana que mais nenhum músico conseguiu até hoje”, conta o realizador.

Apesar de ter nascido na ilha de Santo Antão, Manuel d’ Novas é considerado um filho do Mindelo, na ilha de São Vicente, onde, por todo o lado, vários indícios apontam para a sua influência ainda tão presente. Em causa, provavelmente, a intemporalidade das suas músicas, como explica Neu Lopes.

A sua técnica é quase cinematográfica. Ele consegue transcrever exactamente o que se passa - não só o que sente, mas também o que se passa - e transforma aquilo praticamente em imagens e em sons que a pessoa, quando está a ouvir a música, está a viver no presente momento o que está a acontecer. Muitas dessas músicas são intemporais porque aconteceu antes mas está a acontecer agora e já sabemos que poderá vir a acontecer outra vez.

Por outro lado, ao retratar a cabo-verdianidade, Manuel d´Novas acabou por moldar essa mesma identidade.

Ele abarcou praticamente todos os temas, todos os assuntos com que o cabo-verdiano se identifica. A saudade, a emigração, o desejo de ir mas terá que regressar - para regressar tem de ir, como diz aquela morna - o amor, o amor à pátria, a nossa vivência mesmo. Depois, nas coladeiras sobretudo, ele mostra as nossas paródias, a nossa vivência, o nosso humor, a crítica social. Ele vai para a parte social, vai para a parte política (...) O Manuel d’Novas tem uma obra que é histórica”, sublinha Neu Lopes.

O compositor escrevia em terra e no mar, aproveitando todos os espaços para absorver e criar.

Há pessoas que diziam que Manuel d’Novas é um profeta porque profetizava coisas e falava de assuntos que iam acontecer porque ele tem uma análise que vem das nossas raízes, foi um homem muito viajado, passou por muitos portos, conviveu com várias pessoas de todos os cantos do mundo praticamente. E outra coisa: ele praticamente esteve preso, o mar era praticamente como uma prisão. Quando passas meses e não tocas em portos, ou tocas num e não entras, é como uma prisão. Mas é uma prisão que ele soube aproveitar para a sua criatividade”, acrescenta o filho.

A isso soma-se “aquele sentimento de saudade, de querer voltar à terra, de querer colaborar com alguma coisa mesmo estando fora”. Por isso, aproveitava ainda mais quando estava em terra firme.

O documentário “Manuel d´Novas – Coração de Poeta” venceu os prémios “Melhor longa documental” e “Revelação Nacional” no Plateau – Festival Internacional de Cinema da Praia, em 2020. Neu Lopes é também um dos fundadores da Osga Filmes, uma associação fundada em 2015 que tem produzido vários filmes.

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