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Artes

“Fazer sociedade”, o novo projecto do FRAC Marselha

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Arrancou este mês de Junho o novo projecto “Fazer sociedade” do FRAC Provence-Alpes-Côte d’Azur, Marselha, que visa destacar o compromisso artístico e político de quatro artistas que propõem novas produções pensadas para este espaço em harmonia com o espaço público envolvente, a arquitectura e a História.

Cartaz do projecto “Fazer sociedade” do FRAC Marselha.
Cartaz do projecto “Fazer sociedade” do FRAC Marselha. © Frac Provence-Alpes-Côte d’Azur
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Ângela Ferreira, Wilfrid Almendra, Ramiro Guerreiro e Apichatpong Weerasethakul são os artistas convidados e os lusófonos inscrevem-se na Temporada Cultural Portugal-França 2022.

Muriel Enjalran, directora do Fundo Regional de Arte Contemporânea de Marselha, é a curadora destas exposições e explica o porquê da escolha destes três artistas lusófonos.

Portugal, mesmo antes de haver este assunto em torno de uma temporada franco-portuguesa, é um palco que tive a oportunidade de descobrir há cerca de quinze anos, com artistas que pude acompanhar como Ângela Ferreira. Acho que estamos no nosso terceiro projecto em conjunto, este com maior amplitude.

Wilfrid Almendra, que conheci bem no passado em Paris, mas ainda não tínhamos tido a oportunidade de trabalhar juntos. Foi realmente um prazer nos termos encontrado em Marselha e poder imaginar efectivamente esta exposição em parceria com a Fraeme.

E um terceiro artista que descobri, é o Ramiro Guerreiro. Descobri graças à Martine Robin, que é a directora do Château de Servières e gere o Festival de Desenho Paréidolie, um parceiro histórico do FRAC. Em conjunto decidimos oferecer esta exposição monográfica a Ramiro Guerreiro, cujo trabalho me apaixonou imediatamente”.

Para o sul de França, a luso-sul-africana-moçambicana Ângela Ferreira trouxe a exposição “Rádio Voz de Liberdade”, onde explora os laços de solidariedade que uniram Portugal à Argélia durante os anos 60/70, recorrendo à história de arquivo das transmissões radiofónicas.

É uma exposição de arte contemporânea. Primeiro e antes de mais é preciso ter isso em conta, porque às vezes há algumas confusões entre os assuntos históricos que eu trato e as exposições. Não são história, nem são fazer história, são arte contemporânea.

Na verdade, esta exposição nasce no momento em que me apercebi que a história da Rádio Voz da Liberdade era sui generis e que permitia ver que uma rádio africana que era  “Voix de l'Algérie libre et combattante” dera azo a uma rádio de libertação europeia”.

Wilfrid Almendra apresenta-se até dia 30 de Outubro no FRAC, com a exposição Adelaïde, onde o artista franco-português residente em Marselha questiona os modelos de relação económico-sociais, abrindo a via para uma economia circular alternativa, baseada na troca e reciclagem.

Adelaide é, em primeiro lugar, a minha tia que vive em Portugal, numa pequena aldeia onde tenho uma casa e onde tenho este projecto de reabilitar a casa com trocas. Ou seja, dou uma obra de arte aos meus amigos artistas e em troca eles pensam e retribuem com uma maçaneta, uma porta, um portão, azulejos, carpetes, etc... Este é um primeiro projecto.

Depois, Adelaide, é também o nome do meu atelier, onde mostro o trabalho de jovens artistas locais. Não é só mostrar, é também produzir porque eu tenho um espaço bastante grande com ferramentas, dou competências, e muitas vezes promovo a primeira exposição destes jovens.

Adelaide é também azeite, produzido em Portugal. Trabalho com os locais, mesmo neste princípio de transmissão de conhecimento. Sou uma pessoa da cidade, então vou aprendendo à medida que trabalho com estas pessoas que têm imenso para me ensinar”.

Martine Robin assume em parceria com Muriel Enjalran a curadoria da exposição “O Gesto de Phyllis” de Ramiro Guerreiro que encontra-se até dia 25 de Setembro na sala experimental do FRAC.

 “Encontrei o Ramiro, pela primeira vez, no Château de Servière em 2013, há 10 anos, no âmbito das trocas que realizamos com a abertura de ateliês de artistas. Na altura estávamos a fazer um intercâmbio entre Marselha e Lisboa. Trocas que continuam a fazer sentido hoje em dia.

Ele já tinha trabalhado sobre uma figura que conhecemos bem, Le Corbusier e deu origem a algo experimental, tal como acontece hoje. Ou seja, o Ramiro investe-se verdadeiramente no espaço. É o seu modo de produção, trabalha a partir do espaço que lhe é atribuído e trabalha também o que lhe interessa”. 

“O Gesto de Phyllis” de Ramiro Guerreiro encontra-se até dia 25 de Setembro na sala experimental do FRAC.

O convite foi feito pela Muriel Enjalran, directora do FRAC, através da segunda comissária que é a Martine Robin com quem eu tinha trabalhado aqui em Marselha, em 2013.

A Muriel Enjalran, porque é uma parceria entre as duas instituições, pediu à Martine uma série de referências de artistas portugueses para uma exposição de desenho mas que fosse também à volta de arquitetura. Daí escolheu-me para este projecto, para esta intervenção neste espaço.

Portanto há desde o início esse princípio de que é um convite para uma exposição especificamente de desenho à volta de arquitectura

“O Gesto de Phyllis” de Ramiro Ribeiro, Adelaïde de Wilfrid Almendra e “Rádio Voz de Liberdade” de Ângela Ferreira estão patentes ao público desde 25 de Junho no FRAC Provence-Alpes-Côte d’Azur, Marselha.

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