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Ciência

Alterações climáticas: "Há países que ainda não começaram um combate sério"

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O IPCC, Grupo Intergovernamental de Peritos sobre a Evolução do Clima, publicou recentemente um relatório alarmante sobre o aquecimento global e as suas consequências sobre o planeta. De acordo com este documento, a temperatura média da terra poderia aumentar de 1,5°C comparativamente à era pré-industrial já em 2030, ou seja 10 anos mais cedo do que previsto no anterior relatório que data apenas de 2018.

A seca é cíclica em certas zonas de Angola, nomeadamente no Namibe, no sul do país. Nos últimos meses, contudo, tem sido particularmente intensa.
A seca é cíclica em certas zonas de Angola, nomeadamente no Namibe, no sul do país. Nos últimos meses, contudo, tem sido particularmente intensa. DR
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Segundo este documento, pelo ritmo em que se têm operado as alterações climáticas, poderemos chegar a 2 graus suplementares no horizonte 2040 se nada for feito para inverter a situação, sendo que já há fenómenos considerados irreversíveis como o desaparecimento de vastas áreas florestais ou da camada de gelo do Antárctico.

Sem sequer termos chegado a este extremo, nestes últimos tempos temos estado a ver ciclones violentos como o Kenneth e o Idai em Moçambique, incêndios como aqueles que se viram no Canadá, na Califórnia, na Turquia e na Grécia, intempéries e inundações desproporcionais em lugares como a Alemanha ou a China, ou ainda períodos de seca intensa como aquela que continua há largos meses a acontecer em Angola.

Ao mostrar-se pouco optimista quanto ao futuro, José da Silva, presidente da Juventude Ecológica Angolana, começa precisamente por evocar a problemática da estiagem no seu país e as consequências que isto tem nomeadamente em termos sociais e de segurança. Para o activista, a seca no centro e sul de Angola é um problema "quer em termos de segurança alimentar, mas começa-se a pensar num problema de segurança nacional porque a fome afecta a população sobretudo do sul de Angola, inclusive há um grupo de organizações do sul do país que reclama que seja decretado um estado de emergência devido à situação da fome".

Questionado sobre a recusa de alguns países considerados grandes poluidores, nomeadamente a China e a Austrália, em operar reformas rumo a um desenvolvimento mais sustentável deixando para trás a exploração mineira, José da Silva não deixa de recordar que "isto é o resultado do quadro económico que hoje se vive" devido à pandemia. Contudo, o activista observa que "do ponto de vista teórico, há muitos compromissos, mas do ponto de vista prático, há países que ainda não começaram realmente um combate sério às alterações climáticas".

Ao evocar a perspectiva dentro de menos de 3 meses de uma nova cimeira sobre o clima, a COP 26 em Glasgow, o militante ambientalista não esconde algum cepticismo."Já estivemos em algumas COPs e apesar de toda a mobilização, de todo o aparato que se faz, encontros técnicos, vimos que no fundo, na prática não se consegue espremer dali algo de concreto", refere José da Silva.

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