Cientistas portugueses descobrem forma mais eficaz de levar medicamentos até ao cérebro
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Uma equipa de cientistas portugueses descobriu uma forma mais eficaz e não tóxica de transportar medicamentos até ao cérebro que pode revolucionar o tratamento de pacientes com doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer. Para a coordenadora desta pesquisa, a docente universitária Andreia Gomes, que falou com a RFI, este é um momento de "muita esperança" para o tratamento e prevenção destas doenças.
"Temos barreiras no nosso corpo, que são necessárias, e que impedem que a maior parte dos medicamentos e das moléculas que podemos desenvolver entrem dentro do cérebro e da espinal medula. O que fizemos foi desenvolver uma forma de levar esses medicamentos de uma forma eficaz para dentro do cérebro", explicou Andreia Gomes, em entrevista à RFI.
Esta investigadora é professora associada da Universidade do Minho, nos domínios da Diferenciação e Desenvolvimento e Fisiologia animal e coordenou a equipa de oito cientistas das escolas de Ciências, Engenharia e Medicina da Universidade do Minho e ainda uma cientista do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, em Braga, que levou a cabo esta descoberta.
"Usamos uma mistura que já existe no corpo, que não tem risco de toxicidade nenhum. Conseguimos colocar lá [no cérebro] quantidades de medicamentos muito interessantes", detalhou.
Uma dessas substâncias é a curcumina, uma substância presente no açafrão e que tem como propriedade a melhoria da memória, mas tem dificuldade em chegar até ao sistema nervoso central.
"Para ter os efeitos que já se reconhecem nesta substância, teria de ser tomada em doses enormes e durante bastante tempo. O que chega ao cérebro é uma fracção daquilo que se toma. Com esta descoberta, nós conseguimos garantir que uma boa parte daquilo que é colocado no organismo chega ao sistema nervoso central", indicou.
A descoberta dos cientistas portugueses foi tema de capa da revista científica Journal of Controlled Release e a recepção tem sido "fantástica".
"A recepção por parte da comunidade científica como por parte da comunidade civil tem sido fanstástica e estamos muito contentes, não só porque nos vemos reconhecidos, mas também porque percebemos que pode haver abertura de novas possiiblidaded para financiar as fases seguintes do trabalho", disse a investigadora.
Andreia Gomes defende que quem tiver sintomas de doenças neuro-degenerativas, como a doença de Alzheimer, não deve hesitar em procurar os médicos, já que as terapias propostas actualmente são muito diferentes do que acontecia há 10 anos.
Quanto a novas terapias, a docente assegura que "é uma altura de muita esperança" neste campo da investigação.
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