Acesso ao principal conteúdo
Ciência

Covid longo associado a persistência do vírus na mucosa intestinal

Publicado a:

A Universidade do Minho em parceria com a Universidade Paris-Cité publicou em Março um estudo que dá conta que mesmo largos meses após os pacientes estarem curados do vírus, aqueles que apresentam ainda sintomas da doença, ou seja covid longo, têm uma deficiência imunológica, estando o vírus instalado na intestino.

Entre 10 a 30% dos pacientes com formas graves de covid antes da vacinação apresentam ainda sintomas desta doença, mesmo longos meses depois de terem sido infectados.
Entre 10 a 30% dos pacientes com formas graves de covid antes da vacinação apresentam ainda sintomas desta doença, mesmo longos meses depois de terem sido infectados. AP
Publicidade

Até três meses após ter sofrido de covid-19, a Organização Mundial de Saúde estima que um em cada dez pacientes apresentem ainda sintomas da doença, classificando esta situação como um quadro de covid longo. Este covid pode ser caracterizado com diferentes sintomas como tosse persistente, fadiga, confusão mental ou problemas de memória entre outros.

De forma a tentar procurar as causas desta doença, a Universidade do Minho, em parceria com Universidade Paris-Cité, estudou 127 doentes que já tinha acompanhado na primeira contaminação com covid-19 de forma a compreender se quem ainda apresentava sintomas tinha alguma coisa em comum, tendo encontrado o vírus na mucosa intestinal de diferentes pacientes.

Ricardo Silvestre, investigador principal do Instituto de Investigação em​ Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho, explicou em entrevista à RFI como levou a cabo este estudo com a sua equipa.

"Já em 2022 começou a perceber-se que havia um conjunto de doentes que mantinham uma série de sintomas ao longo do tempo, depois de terem a doença aguda, e isso permitiu-nos voltar a contacta-los seis meses depois, voltar a colher sangue, caracteriza-los e aí colocámos a hipótese que a existência destes sintomas de covid longo podia estar associada com uma disfunção imunológica e basicamente o nosso estudo permitiu avaliar que os doentes associados aos sintomas do covid longo têm uma disfunção imunológica que nós neste artigo associamos a uma persistência do vírus na muscosa intestinal", explicou Ricardo Silvestre.

Até agora, esta é uma doença difícil de diagnosticar já que possui sintomas muito diversos que podem assemelhar-se a uma gripe, mas ir até sintomas neurológicos, sendo que até agora, os médicos têm conseguido apenas tratar os sintomas, mas não a origem deste covid prolongado. As conclusões deste estudo podem, finalmente, mostrar caminhos para curar o covid longo.

"O covid longo está associado a uma persistência viral nas mucosas, nomeadamente na parte intestinal e pode-se sugerir, para estudos futuros, tratar estes doentes com antivirais. A outra perspectiva é que como o diagnóstico é sempre feito por exclusão, com pacientes que tiveram covid há menos de três meses e cujos sintomas se mantêm já há dois meses ou mais e na exlusão de outros problemas, eles são caracterizados como tendo covid longo. O facto de termos encontrado biomarcados, da presença de um conjunto de anti-corpos específicos pode servir para fazer um diagnóstico não por exclusão, mas por positividade", detalhou o investigador.

Ricardo Silvestre concluiu ainda que a vacina continua a ser muito importante, mesmo nos casos de covid longo, havendo menos casos quando as pessoas são vacinadas.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Ver os demais episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.