Como interpretar personagens criadas há mais de 350 anos? E qual o sentido de o fazer no século XXI? O ser humano tem defeitos que não desaparecem e o dramaturgo francês Molière reuniu-os em arquétipos que atravessaram o tempo. O actor e encenador Jorge Pinto considera que essa foi a força de Molière, o autor que o teatro homenageia em 2022, 400 anos após o seu nascimento.
Jorge Pinto, da companhia portuguesa Ensemble – Sociedade de Actores, incarnou duas das suas personagens mais obsessivas: Harpagão, “O Avarento”, (2009) e Argão, “O Doente Imaginário” (2012). De Harpagão a Argão vai apenas uma sílaba porque são praticamente os mesmos no egoísmo e egocentrismo. Ambas as peças foram encenadas pelo angolano Rogério de Carvalho que despojou o espaço cénico para se concentrar no jogo dos actores. “É esse sem nada que lhe agrada mais”, conta, porque “os objectos são obstáculos”.
Foi no histórico Café Majestic, no Porto, que Jorge Pinto nos contou como se apropriou das personagens, numa conversa que extrapolou Molière para falar sobre defeitos, vícios, absurdo e cómico. É que, resume o actor, Molière levava “os defeitos humanos a um nível tão absurdo que se torna cómico” e hoje continua a fazer imenso sentido levar Molière a palco. Além disso, o dramaturgo francês é “o pai de um certo comportamento do teatro, como outros foram”.
Oiça aqui a entrevista.
Entrevista a Jorge Pinto, o Argão e Harpagão de Molière
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro