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Decisão sobre compra de petróleo russo por Moçambique "deve ser prudente"

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Com a inflação no ponto mais alto dos últimos quatro anos, a vida dos moçambicanos "está cada vez mais difícil". No entanto, a economista Celeste Banze avisa que compra de petróleo à Rússia em rublos deve ser pensada pelo Governo de modo a não trazer "repercussões futuras negativas" para o país.

O Governo de Moçambique está a ponderar comprar combustível russo em rublos devido ao aumentos generalizado dos preços da energia.
O Governo de Moçambique está a ponderar comprar combustível russo em rublos devido ao aumentos generalizado dos preços da energia. © LUSA - LUÍSA NHANTUMBO
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Nas últimas semanas, a possibilidade de Moçambique comprar petróleo em rublos à Rússia tem vindo a tornar-se uma possibilidade real com Moscovo a oferecer também trigo a Maputo. O ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, Carlos Zacarias, admitiu mesmo essa possibilidade.

Estou certo de que vamos estudar e verificar a viabilidade dessa oferta [da Rússia], se houver viabilidade, com certeza que [o petróleo russo] será adquirido” em rublos, disse o governante.

No entanto, esta possível compra levou a avisos por parte das autoridades norte-americanas e leva os analistas a considerarem que o Governo de Moçambique deve agir de forma prudente nesta questão, já que pode haver consequências negativas para o país a nível de investimento externo e ajuda humanitária.

"É importante que a decisão a ser tomada pelo Governo deve ser prudente e não seja uma decisão que vai criar repercussões futuras negativas. O ideal é que se faça uma boa análise sobre a possibilidade de adquirir combustíveis russos sem que isso implique maiores sanções para a economia moçambicana", explicou a economista e membro da Associação Moçambicana de Economistas (AMECON), Celeste Banze, em entrevista à RFI.

A economista relata que devido à inflação mais elevada dos últimos quatro anos, a vida dos moçambicanos está cada vez mais difícil com grandes impactos na alimentação e no sector dos transportes.

"A inflação homóloga está em 11,7% e os preços dos bens e serviços estão mais altos mais de 11% e isso significa que as pessoas têm um menor poder de compra com os rendimentos, mantendo tudo o resto constante. Com os 100 meticais que tinham antes compram menos bens e serviços porque eles encareceram e num contexto como este onde ao mesmo tempo, tem havido uma subida no sector energético, isso tem colocado as pessoas numa situação cada vez mais difícil", indicou.

Quanto às medidas anunciadas pelo Presidente Filipe Nyusi para a revitalização da economia, das quais faz parte a redução do IVA e a criação de um fundo para o financiamento de pequenas e médias empresas, assim como uma aposta renovada na agricultura, a economista refere que se trata de "um anzol" e que o sector privado deve responder às medidas com maior investimento.

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