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2023 em revista: "Um ano de conflitos graves"

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No virar da página para um novo ano, revistamos os acontecimentos que marcaram o ano 2023: uma guerra que se prolonga na Ucrânia até outra que começou entre Israel e o grupo islamita Hamas. Este foi também o ano mais quente já registado na história.

Mulher no meio de escombros na Cidade de Gaza.
Mulher no meio de escombros na Cidade de Gaza. © Getty Images
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Israel decretou estado de alerta de guerra depois de ter sido alvo de um ataque do grupo islamita Hamas a 7 de Outubro. O líder do braço armado do grupo palestiniano confirmou a ofensiva e disse "ter disparado mais de cinco mil rockets". O ataque do Hamas durou mais de uma hora e tirou a vida a 1200 pessoas. Em resposta a este ataque sem precedentes, Israel anunciou um “cerco total” a Gaza, “sem electricidade, comida e combustível”.

Foi a partir do enclave palestiniano, onde vivem cerca de 2,3 milhões de pessoas, que o Hamas se defende. O governo israelita recrutou 300.000 reservistas para "ir para a ofensiva".

Ao 47º dia de conflito, o governo israelita deu luz verde a um acordo para garantir a libertação de 50 reféns detidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinianos e de uma trégua de quatro dias na Faixa de Gaza. A ajuda humanitária foi reforçada com a entrada em vigor, a 24 de Novembro, de um cessar-fogo de quatro dias, prorrogada por 48 horas segundo o Hamas e o Qatar, insuficiente segundo as agências da ONU. Cinquenta reféns foram libertados, em conformidade com o acordo, em troca da libertação planeada de 150 palestinianos detidos em Israel. 

A passagem pelo ano destaca também um acontecimento que nos chega de 2022: a invasão russa na Ucrânia. Mortes às dezenas de milhares num conflito ofuscado por Gaza: em 2023, a contra-ofensiva não teve os efeitos esperados e Kiev receia que o apoio ocidental perca força.

Em Janeiro, o exército russo, reforçado por 300.000 reservistas e apoiado pelos paramilitares do grupo Wagner, voltou a atacar Donbass, no leste da Ucrânia. A 23 de Fevereiro assinalou-se um ano ano do início da invasão russa na Ucrânia. Um conflito que tirou a vida a milhares de pessoas, destruiu infra-estruturas e mudou um país. No último ano, com a ajuda de aliados, Kiev resistiu aos ataques russos e acreditou na vitória. A 9 de Março Kiev ficou sem electricidade e em Lviv, os ataques fizeram mortos entre os civis. 

Em Maio, Moscovo acabava por reivindicar a captura de Bakhmut, no final da batalha mais longa e sangrenta desde o início da invasão russa. A contra-ofensiva de Kiev, aguardada pelos aliados ocidentais, foi lançada no início do mês de Junho para tentar reconquistar os territórios ocupados por Moscovo. Apesar dos milhares de milhões de ajuda militar ocidental, o exército ucraniano só conseguiu retomar aldeias no sul e no leste.

A  24 de Junho, combatentes do grupo Wagner marcham em direcção a Moscovo. O Presidente Vladimir Putin denuncia a “traição” do líder, Yevgeni Prigojine, que ordena aos homens que “voltem” aos seus postos. A morte, dois meses depois, do chefe de Wagner num acidente de avião levantou questões, com os ocidentais e a Ucrânia a suspeitarem do envolvimento do Kremlin.

Segundo o Observatório Europeu Copernicus, os meses de Junho a Outubro foram os mais quentes alguma vez registados. Estas temperaturas são acompanhadas por secas, incêndios ou furacões. O Canadá viveu assim este ano incêndios florestais, com mais de 18 milhões de hectares queimados e 200 mil pessoas deslocadas.

Este foi também um ano de corrida espacial para encontrar água na Lua. A primeira missão lunar da Rússia em 47 anos falhou: a nave Luna-25 despenhou-se na Lua. A agência espacial russa, a Roskomos, disse que perdeu contacto com a nave não tripulada, pouco depois de ocorrer um problema quando a nave entrava em órbita de pré-aterragem. A Índia tornou-se no quarto país do mundo a conseguir aterrar na Lua, depois dos Estados Unidos, da Rússia na época da União Soviética e da China.

A 20 de Agosto, poucos minutos depois da sagração da Espanha no mundial Feminina em Sydney, Luís Rubiales, então presidente da Federação Espanhola de Futebol, beijou de surpresa a atacante Jenni Hermoso na boca, provocando indignação internacional. Enquanto Jenni Hermoso denunciou um acto “sexista, impróprio e sem qualquer consentimento”, Luís Rubiales sustentou por muito tempo que se trata apenas de “um beijinho consentido”, antes de renunciar a 10 de Setembro do cargo. Acusado de “agressão sexual” pela Justiça, foi suspenso durante três anos de qualquer actividade relacionada ao futebol pela Fifa.

A 19 de Setembro, o Azerbaijão atacou Nagorno-Karabakh, um território separatista de maioria arménia que Baku e Yerevan disputam há mais de três décadas. Este enclave montanhoso - que proclamou unilateralmente a sua independência em 1991, depois da queda da União Soviética, com o apoio da Arménia - foi palco de duas guerras entre as antigas repúblicas soviéticas do Cáucaso (de 1988 a 1994 e no outono 2020). Em 24 horas, as autoridades territoriais abandonadas por Yerevan capitularam e foi concluído um cessar-fogo. Após esta ofensiva relâmpago, que deixou quase 600 mortos, a maioria dos 120 mil habitantes fugiu para a Arménia, enquanto Nagorno-Karabakh anunciou a sua dissolução para dia 1 de Janeiro de 2024.

O economista ultraliberal Javier Milei, 53 anos, tomou posse como presidente da Argentina a 10 de Dezembro, depois da vitória contra o centrista Sergio Massa. O “anti-sistema” prometeu uma terapia de choque para a terceira maior economia da América Latina, nas garras de uma inflação recorde: privatizações totais, cortes de “serra eléctrica” nos gastos públicos, e substituição do peso argentino pelo dólar, com a extinção do Banco Central. Entre as  ideias polémicas estão a desregulamentação da venda de armas e uma “solução de mercado” para a doação de órgãos.

Para 2024 estão previstas eleições presidenciais na Rússia e nos Estados Unidos da América e eleições europeias. "Os futuros actos eleitorais vão ser um teste à capacidade da Europa Ocidental e dos Estados Unidos de manterem intactos os modelos e democracias liberais", sublinha a internacionalista e docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, Maria João Ferreira.

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