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Fundador da LUAR conta tempos de resistência armada à ditadura

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Armando Ribeiro era chamado “comandante” pelos companheiros e “falsificador” pela PIDE. Foi um dos fundadores da LUAR, Liga de União e de Acção Revolucionária, e, aos 80 anos, conta-nos algumas das acções deste grupo de resistência armada à ditadura portuguesa. Armando Ribeiro viveu seis anos na clandestinidade, escapou à prisão, transportou armas 3.000 quilómetros Europa fora, participou na tentativa frustrada de tomada da Covilhã e no assalto a Consulados de Portugal para obter passaportes.

Armando Ribeiro, Fundador da LUAR. Paris, 21 de Dezembro de 2023.
Armando Ribeiro, Fundador da LUAR. Paris, 21 de Dezembro de 2023. © Carina Branco/RFI
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Nos 50 anos do 25 de Abril, a RFI falou com vários resistentes ao Estado Novo. Neste programa, ouvimos Armando Ribeiro, um dos fundadores da Liga de União e de Acção Revolucionária (LUAR).

Os que o conheciam de perto chamavam-lhe “comandante”. Os que o queriam prender vociferavam: “Esse falsificador!”. Nesses tempos de clandestinidade e de luta contra a ditadura portuguesa, poucos sabiam o nome deste homem, hoje com 80 anos.

O Inácio Afonso, que era um tipo da PIDE, dizia: ‘Esse fulano! Esse falsificador! A gente até vai buscá-lo a Paris se for preciso!’. Mal eles sabiam que se a gente quisesse os tínhamos liquidado! ‘A gente vai buscá-lo a Paris, esse falsificador!’. Nem conhecia exactamente o meu nome. Só conhecia ‘comandante’. Ninguém sabia o meu nome. Eu acho que nem o Palma sabia o meu nome completo.

Chama-se Armando Ribeiro e foi um dos fundadores do movimento antifascista LUAR, a Liga de União e Acção Revolucionária. Um dos dirigentes do grupo era Hermínio da Palma Inácio que, em 1947, participou na sabotagem de aviões da Força Aérea; em 1961, também participou no desvio de um avião para lançar panfletos contra a ditadura sobre Lisboa e outras cidades, junto com Camilo Mortágua. Este já tinha estado no desvio do paquete Santa Maria, no mesmo ano. Ambos estiveram na linha da frente do assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, em 1967. E foi o assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz que levou à fundação da LUAR, em Paris, onde já se encontrava Armando.

O jovem tinha deixado Portugal três anos antes. Estudante do Instituto Comercial do Porto, onde era dirigente da associação académica, Armando Ribeiro ficou em Paris durante uma visita de estudo de finalistas em Março de 1964 porque recusava ir para a guerra colonial combater pessoas que lutavam pela sua independência. Inscreveu-se na escola de Arts et Métiers e trabalhava à noite no PBX de um prédio. Poderia estudar durante o dia, ter uma vida boémia, mas trocou o conforto pela luta.

Muito novo ainda, foi o braço direito de Hermínio da Palma Inácio, em Paris, dirigente do Conselho Superior do movimento e criador do seu símbolo - o “L”, com uma seta ascendente. Comprou armamento, transportou um arsenal de armas 3.000 quilómetros Europa fora, participou no assalto a consulados para obter passaportes e ajudou a preparar os chamados “confiscos” para custear muitas vidas na clandestinidade. Como os companheiros, pôs a vida em perigo nome de um ideal e esse ideal chamava-se LUAR.

“A LUAR foi uma organização que começou pela luta armada porque todas as pessoas que integravam a LUAR já tinham participado em coisas de luta armada, como o desvio do Santa Maria. Portanto, foi aí que comecei, foi com essa gente toda”, começa por explicar, sublinhando que era uma organização apartidária, claramente fora do Partido Comunista Português” e que defendia a acção directa e o recurso às armas para o derrube da ditadura e a restauração da democracia.

 

As origens da LUAR

Conta, ainda, que na génese do movimento estiveram personalidades como Henrique Galvão e até Humberto Delgado, com iniciativas de acção directa contra o regime, nomeadamente depois do “terramoto” da candidatura presidencial do “General Sem Medo”. Humberto Delgado esteve directamente envolvido na Revolta de Beja na passagem de ano de 1961 para 1962. Henrique Galvão esteve em várias outras acções com impacto internacional de grande peso, para as quais contou com o apoio essencial da dupla Palma Inácio e Camilo Mortágua.

A 23 de Janeiro de 1961, exilado na Venezuela, Henrique Galvão fez tremer o regime com o assalto e desvio do paquete Santa Maria, considerado o primeiro sequestro político de um transatlântico na história contemporânea, uma acção em que participou também Camilo Mortágua. Depois, a partir do Brasil, Henrique Galvão preparou a Operação Vagô, na qual, em Novembro de 1961, Palma Inácio participou no primeiro acto de pirataria aérea da história: o desvio de um avião comercial da TAP, que fazia o percurso Casablanca-Lisboa, e o lançamento sobre Lisboa e outras cidades de panfletos contra o regime. A bordo do avião estava também Camilo Mortágua.

Depois do assassínio do General Humberto Delgado, a 13 de Fevereiro de 1965, os opositores que estavam refugiados no Brasil, decidem voltar para a Europa para continuarem a acção contra o regime a partir do exterior.

O Palma e uma meia dúzia que tinham participado no avião vieram para a Europa e diziam que a partir do Brasil não se pode fazer nada, é muito longe estar no Brasil e ter acções em Portugal e vieram-se instalar, sobretudo, em França e na Bélgica.

A LUAR nasce quando o opositor Emídio Guerreiro, refugiado em Paris, enviou um comunicado ao jornal francês Le Monde, no qual que a LUAR reivindicava o assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, em 1967.

A LUAR não existe antes do banco da Figueira da Foz. Quem deu o nome à LUAR foi depois do banco da Figueira da Foz e foi o professor Emídio Guerreiro, que estava aqui refugiado há muito tempo, mas que não pertencia à LUAR porque a LUAR não existia. Ele tinha contacto com os membros da LUAR, especialmente com o Palma Inácio e o Camilo Mortágua. Quando ele soube, quer dizer, ele imaginou que quem poderia fazer aquilo só poderia ser o Palma, não é? E então ele inventou – e bem, que é um nome bonito, LUAR - e mandou um comunicado ao Le Monde a dizer que tinha sido a LUAR que tinha feito.

Armando Ribeiro participou, depois, na reunião de fundação da LUAR na casa de Emídio Guerreiro, em Paris. Dissensões internas levariam ao afastamento de Emídio Guerreiro, a que não foi alheio o destino do dinheiro da agência do Banco de Portugal da Figueira da Foz que lhe tinha sido entregue. Porém, uma parte significativa dos 29 mil contos era constituída por notas ainda não postas em circulação e só 4,7 mil contos por notas usadas, tendo outra parte sido recuperada pela PIDE com a colaboração de um infiltrado [Ernesto Castelo Branco] e apenas uma pequena parte do dinheiro se poderia cambiar por caminhos travessos.

A LUAR foi um marco na história da resistência armada ao regime ditatorial português. E se um punhado de homens e mulheres dedicaram parte da sua vida a organizar acções revolucionárias para derrubar a ditadura, o preço da coragem era, muitas vezes, pago com a prisão, a tortura, o exílio. Armando não chegou a ser preso, mas, quando ia a Portugal, usava uns sapatos com uma serra no interior para poder serrar as grades da cadeia caso lá fosse parar.

Sobreviver na clandestinidade implicava fintar as autoridades e isso também passou pela falsificação de passaportes e bilhetes de identidade. Armando foi um dos responsáveis por essa tarefa que passou pelo assalto a consulados de Portugal em Roterdão e no Luxemburgo em Abril e Junho de 1971. O objectivo era obter documentos de identificação, formulários e selos brancos. Na PIDE, ele ficou conhecido como “falsificador”.

Em Roterdão, quando a gente lá foi, a gente não sabia que era o dia da rainha da Holanda e o Consulado estava fechado. De maneira que a gente até teve que abrir a porta ilegalmente porque não estava aberto. No Luxemburgo já foi diferente, estava a funcionar. Tomámos o Consulado e trouxemos passaportes que era o que nos fazia falta. Mais tarde, com os meios financeiros que tínhamos, criámos todo um sistema de contrafacção dos documentos. Tínhamos uma panóplia de documentos perfeitamente iguais.

Os documentos falsos eram, depois, usados para os combatentes circularem e, sobretudo, como medida de precaução caso fossem controlados pela polícia.

Armando Ribeiro conta, ainda, que só houve um caso em que a polícia neutralizou resistentes da LUAR sabendo, de antemão, que eram da organização. Foi depois da “Operação Primavera” [a 30 de Abril de 1969 e que consistiu na sabotagem de pilares de alta-tensão no Porto e numa explosão junto ao Consulado Americano do Porto] que a PIDE estava à espera em Irun e deteve Seruca Salgado, Júlio Alves e José Paulo Lima Matias. Mas a polícia espanhola não autorizou a extradição porque tinha bem presente o assassínio, pela PIDE, do general Humberto Delgado em território espanhol [13 de Fevereiro de 1965].

Serviam para a gente, quando estava em Portugal, com vários nomes, se viesse a autoridade pedir, num controle normal - porque é evidente que se já soubessem que a gente era da LUAR não valia de nada. Mas nunca tivemos esse problema porque, contrariamente ao que se diz, nunca ninguém da LUAR foi presa com a PIDE a saber onde a gente estava. Só houve um caso, mas a prisão foi executada em Hendaia, Irun. Estava lá o Sacchetti, que era o diretor PIDE, à espera deles e eles foram presos em Espanha [Seruca Salgado, Júlio Alves e José Paulo Lima Matias]. Eles pensavam que os espanhóis os iam entregar directamente à PIDE, mas os espanhóis nessa altura não autorizaram que a PIDE pegasse neles e os levasse para Portugal porque, entretanto, o General Delgado tinha sido encontrado assassinado em Espanha. Então, eles não entregaram e esses indivíduos ficaram presos em Espanha e depois foram julgados, foram dados como políticos e, portanto, não foram extraditados para Portugal e foram recambiados para a Argélia que os recebeu.

 

“A gente transportou armas sem nunca ter nenhum problema ao longo de 3.000 quilómetros”

Poucos meses depois de vários membros da LUAR terem vivido o Maio de 68 em Paris, inclusivamente participando na ocupação da Casa de Portugal na Cidade Universitária, prepararam nova acção revolucionária: a tentativa de tomada da cidade da Covilhã, em Agosto.

A Covilhã é um centro de lanifícios, industrial, e a gente ia tomar a rádio e íamos atacar os bancos todos lá, a guarda republicana, a polícia, íamos tomar a cidade e tínhamos uma declaração para fazer na Rádio Covilhã ao país e à Covilhã. E depois íamos evacuar. Não lhe posso dizer o que é que se ia passar porque nunca chegámos a isso porque o Palma, entretanto, foi preso.

Ainda assim, Armando Ribeiro nega que a operação tenha sido um fracasso e diz que foi o azar que levou à detenção de Palma Inácio porque a polícia política estava longe de imaginar o que se iria passar.

Não foi fracasso nenhum. Houve vezes em que a gente teve sorte, outras vezes teve azar. A intersecção deu-se em Torre de Moncorvo. Eles tinham saído para tomar um café porque não tinham comido há muito tempo. Foram ao café e, depois, o Palma meteu-se no carro em que vinha, o polícia pediu-lhe os documentos e o Palma não tinha a carta de condução. Ameaçou com uma arma e fugiu com o carro e só depois é que o carro foi interceptado. Veio a guarda republicana e pensavam que eram passadores ou contrabandistas.

Armando não foi preso porque iria chegar mais tarde à Covilhã. Ele e outros transportavam “todo um armamento do último grito comprado na Checoslováquia”, com o dinheiro dos “confiscos” aos bancos e aos veículos de transporte de fundos.

Fomos várias pessoas que conduziram o carro e os detonadores e todo o material bélico que a gente tinha e plástico que é um explosivo altamente sofisticado que ainda hoje se utiliza, que se chama semtex. Arranjámos automóveis com esconderijos especiais para isso e a gente trouxe. A gente não veio directo, mas de Praga a Paris são 1.000 quilómetros, de Paris a Portugal são mais ou 1.700 - 2.000 praticamente, com os caminhos ‘détournés’ que a gente fez. Portanto, a gente transportou armas sem nunca ter nenhum problema, nunca foram capturadas ao longo de 3.000 quilómetros. São 3.000 quilómetros, é muita coisa, portanto, estávamos relativamente bem organizados.

Depois da tentativa frustrada da tomada da Covilhã e perante a prisão dos companheiros, Armando entra na clandestinidade até à Revolução dos Cravos. Um período em que continuou a acreditar que a LUAR poderia derrubar a ditadura, tanto é que se a tomada da Covilhã tivesse funcionado, o regime poderia ter tremido: “O que se diz é que o Salazar ficou preocupado e que ainda gritou lá com os tipos da PIDE a dizer “O Palma outra vez?! Outra vez o Palma?!”

 

A LUAR quis ser “o detonador da revolução

Na “nova concepção de luta” da LUAR, estava a violência revolucionária e acções armadas contra o regime, também com sabotagem de meios usados na guerra colonial. Porém, era rejeitado o recurso a actos terroristas e o assassínio de pessoas, mesmo se fossem agentes da PIDE. A prová-lo estão alguns episódios que Armando Ribeiro nos conta.

Aqui em Paris, havia rapazes que trabalhavam em hotéis e havia um hotel que era o Lisboa que era de um tipo da PIDE. A gente tinha lá um tipo que trabalhava, que era da LUAR, e eles iam lá dormir e ele viu que eram da PIDE, uma brigada, eram três ou quatro da PIDE. Ele telefonou ao Palma a dizer: ‘Estão lá os tipos da PIDE, o que é que a gente faz? Damos-lhes um tiro?’ e o Palma: ‘Não vamos dar tiro nenhum. Só nos traz problemas e não vamos resolver problema nenhum.’

O mesmo aconteceu com um informador da PIDE no restaurante Ribatejo, mas Hermínio da Palma Inácio rejeitava matar pessoas porque “não se faz a revolução dessa maneira”. Um membro da LUAR chegou a ter à frente um agente da PIDE que tinha torturado barbaramente uma companheira do movimento, mas “não conseguiu disparar”.

Na LUAR nunca existiu a coisa dos tiros, da violência pela violência. A gente nunca pôs bombas para matar pessoas.

Depois de novas prisões, incluindo mais uma vez do chefe histórico Palma Inácio, foi preciso reafirmar os grandes princípios norteadores da organização. O objectivo era continuar a luta, avançar com acções para alertar a opinião pública nacional e internacional e continuar a publicar o jornal Fronteira, a partir de Paris. Em Janeiro de 1974, a LUAR publica o manifesto “Por uma utilização correcta dos novos métodos de luta, pela Revolução Socialista”, redigido sobretudo por Armando Ribeiro, Fernando Pereira Marques e Rui Pereira. “A gente não queria a ditadura do proletariado, éramos pela democracia directa”, reitera o seu co-autor.

No fundo, a LUAR queria ser “o detonador da revolução” em Portugal e a revolução acabou por chegar, mas através do Movimento das Forças Armadas.

A gente pensava que íamos conseguir ser o detonador da revolução. Quer dizer, o MFA foi isso. Eles fizeram aquilo que, se calhar, não estavam à espera. Ninguém estava à espera no 1° de Maio que houvesse um milhão de pessoas em Lisboa. O 1° de Maio foi logo a seguir ao 25 de Abril e ninguém estava à espera.

O ‘comandante’ afirma, mesmo, que o programa do MFA é uma cópia do primeiro documento que a LUAR mandou para a rua, o documento número 1, com o que a gente queria fazer” e os objectivos eram “democratizar, dar a independência às colónias, acabar com a guerra colonial”.

Em Abril de 1973, Hermínio da Palma Inácio e Armando Ribeiro foram à Conferência Internacional de Apoio às Vítimas do Colonialismo, em Oslo, onde se encontraram com Agostinho Neto e Manuel Jorge do MPLA, Marcelino dos Santos, da Frelimo, e os irmãos de Amílcar Cabral que já tinha sido assassinado. A revolta de Armando ainda se lê no rosto e na voz quando diz que a PIDE matou “um dos maiores dirigentes africanos do século 20” e “o maior amigo dos portugueses. Não o conheceu, mas lembra que houve malta da LUAR que desertava da Guiné e que o conheciam porque os desertores eram enviados para Argel e Argel é que distribuía e via se eles eram pessoas infiltradas, se eram pessoas que pura e simplesmente não estavam de acordo com a guerra, ou se se tinham lá chateado com os capitães ou com alguns tipos militares, estilo generais do tempo do Spínola e antes do Spínola”.

O capitão Ernesto Melo Antunes, membro da direcção do MFA e co-autor do seu programa político, chegou a encontrar-se com Palma Inácio e Armando Ribeiro em Paris.

O Melo Antunes veio falar com o Palma e disse: ‘Vocês não façam nada, eu sei que vocês estão equipados, mas vocês não façam nada porque isto agora vai mesmo para a frente’. E o Palma disse: ‘Olha, a primeira vez que eu que eu me meti nisso foi em 1947’ [O Palma tomou parte e sabotou os aviões da base de Sintra em 1947] ‘Em 1947, já me vieram com essa conversa, mas está bem. Ficamos assim, vocês façam lá, andem para a frente que a gente apoia-vos’. Que eles fizessem, mas que nós íamos continuar a fazer aquilo que a gente achava porque, desde 1947, ele tinha-se metido nisso e o exército, no último momento, tinha sempre falhado.

A Revolução acabou mesmo por ser feita pelo Movimento das Forças Armadas, com o apoio em massa do povo.“Os tanques todos na rua e milhares de portugueses na rua e fez-se uma revolução que é das coisas mais espectaculares que existe na segunda metade do século 20. E o resto é conversa. O 25 de Abril foi uma coisa exemplar”, resume.

Depois do 25 de Abril, Armando Ribeiro fez parte da Comissão da Extinção da PIDE-DGS, ao lado, nomeadamente, do companheiro de luta também exilado em Paris Fernando Oneto. Desarmar, tratar dos arquivos e interpelar agentes da PIDE eram algumas das funções. Armando diz que, pessoalmente, só prendeu Silva Pais, que era o director da PIDE/DGS, o agente Domingues que era “o assassino do pintor Dias Coelho que a PIDE tinha morto a tiro” e um português em Paris “que era o Manuel não sei quantos que andava com o “Portugal Livre” e que andava a enganar as pessoas, a dizer que era antifascista e era um tipo que era pago pela PIDE. Houve, ainda, um agente infiltrado da PIDE na LUAR, Ernesto Castelo Branco, que acabou por ser entregue ao MFA.

Quanto aos torcionários das prisões do fascismo, Armando Ribeiro só pode condenar a actuação da justiça portuguesa: “O sistema judicial português, que ainda hoje é aquela miséria que a gente conhece, puseram-nos na rua e os PIDES todos que foram presos, depois fugiram e fizeram 30 por uma linha!”

Durante mais de um ano, Portugal viveu e acreditou na sua revolução, com comissões de trabalhadores, associações de moradores, ocupações de terras e de empresas, nacionalizações, etc. Porém, a demissão, em Setembro de 1975, do primeiro-ministro Vasco Gonçalves, Capitão de Abril e rosto do Processo Revolucionário em Curso, anunciava o fim de uma época. Armando Ribeiro percebeu que o ideal revolucionário acabara e decidiu deixar novamente Portugal e instalar-se em França, onde ficou até hoje e onde nos recebe. Meio século depois, avisa: “É no solo podre que nascem os cravos”.

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