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Vida em França

A Torre Eiffel, da Exposição Universal de 1889 aos Jogos Olímpicos de 2024

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Estamos em pleno mês de Agosto, Paris esvaziou-se praticamente dos seus habitantes, e apesar de o verão ter sido desigual com alguma chuva à mistura com um sol meio escondido, os turistas cá estão para saborear a cidade-luz, visitar os seus museus, comer nos seus restaurantes e -claro- conhecer a Torre Eiffel. É sobre este edifício que hoje focamos o nosso olhar, tanto mais que este ano comemora-se os cem anos da morte do seu construtor, o engenheiro Gustave Eiffel.

Torre Eiffel, Agosto de 2023
Torre Eiffel, Agosto de 2023 © Liliana Henriques / RFI
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No âmbito desta comemoração marcada aqui em França pela edição de livros e organização de eventos, e depois de termos dado a conhecer há alguns meses atrás a Ponte Maria Pia, no Porto, uma das primeiras e numerosas obras que Gustave Eiffel dispersou pelo mundo fora, a RFI faz uma pequena digressão pela já longa história da Torre Eiffel.

Patrick Branco Ruivo, director-geral da Sociedade de Exploração da Torre Eiffel, em Julho de 2023 em Paris.
Patrick Branco Ruivo, director-geral da Sociedade de Exploração da Torre Eiffel, em Julho de 2023 em Paris. © Liliana Henriques / RFI

Considerado um dos monumentos mais visitados a nível mundial, "a Torre Eiffel recebe mais de 6 milhões de visitantes por ano" refere Patrick Branco Ruivo, director-geral da Sociedade de Exploração da Torre Eiffel, sublinhando que só neste empreendimento tem mais de 400 empregados, mas que se contarmos "os restaurantes, as lojas, empresas de limpeza e segurança, há mais de 1.000 pessoas que trabalham na Torre Eiffel".

Construída no espaço de um pouco mais de dois anos e inaugurada em finais de Março de 1889 no âmbito da exposição universal daquele ano em Paris, a Torre Eiffel foi concebida para mostrar o que de melhor se fazia em França em termos de engenharia e arquitectura naquela época.

"Gustave Eiffel estava na metade da vida dele. Ele teve a ideia da torre em 1885 e depois, esteve a formar uma equipa de engenheiros mas também houve um arquitecto, Stephen Sauvestre, que deu toda a elegância à Torre Eiffel porque, no início, a Torre Eiffel parecia mais um pilar do que a forma que conhecemos hoje", conta Patrick Branco Ruivo.

"A torre era mesmo um desafio porque era a primeira torre de 300 metros e ela foi, até aos anos 1920, a torre mais alta do mundo. O que aconteceu foi que Gustave Eiffel pensou logo que, para fazer uma torre de 300 metros, ele tinha que deixar passar o vento através da Torre Eiffel. Isso foi o início da ideia dele. Depois, uma construção de 300 metros em betão teria sido muito complicado e então, é por isso que foi um ferro que veio de Nancy, no leste de França, e este ferro ainda hoje é de uma qualidade superior. Fizemos uns testes há pouco tempo, por ocasião da nossa campanha de pintura e o ferro continua sempre de boa qualidade", acrescenta o responsável.

Apesar do grande entusiasmo que suscitavam a ciência e a inovação naquela época, a Torre Eiffel foi vista por muitos intelectuais e artistas como sendo uma aberração visual devido à sua altura, forma e cor que destoavam totalmente com o resto da cidade.

"Era completamente uma revolução em Paris, pôr uma torre de 300 metros. A cor da Torre Eiffel, no início, era vermelha. Imagine uma torre vermelha no meio de Paris! Havia muitos adversários, em primeiro lugar, os vizinhos da Torre Eiffel. Houve também uns escritores que estavam contra, Maupassant por exemplo. E quando a torre abriu, Maupassant esteve no restaurante da Torre Eiffel e houve uma pessoa que lhe disse 'senhor Maupassant, criticou tanto a torre e hoje está a jantar no torre'. Ele respondeu 'é o único ponto de onde não vejo a torre!' Então, houve muitos adversários, mas depois, houve também muito adversários que mudaram de ideia", relata o director-geral da Sociedade de Exploração da Torre Eiffel.

Construção inicialmente efémera, ela tinha sido erguida para durar apenas vinte anos. Passados uns anos, Gustave Eiffel conseguiu convencer as autoridades de a torre poderia ter utilidade militar e científica.

"Foi uma construção provisória. Devia ficar 20 anos. Era um projecto completamente privado, foi financiado pelos bancos e, em cinco anos, Gustave Eiffel pôde reembolsar os empréstimos e foi um grande sucesso desde o início. No primeiro ano, houve mais de 12 milhões de visitantes que vieram à Torre Eiffel. O que salvou a Torre Eiffel, foi que Gustave Eiffel trabalhava também sobre as ondas eléctricas e, em termos de comunicação, era muito importante. Ele foi ver em 1907 o ministro da guerra e ele disse que a Torre Eiffel podia também servir de instalação militar e que o ministro da guerra poderia ter interesse em colocar lá antenas militares no topo da Torre Eiffel. Isso é que salvou a torre. A segunda razão foi que tirar uma torre deste tamanho custava muito caro e ninguém queria assumir esse encargo financeiro", refere o empresário antes de detalhar que a conservação do edifício, nomeadamente em termos de pintura e substituição de elevadores, envolve avultados valores.

Hoje, mais de 130 anos depois de ter sido erguida, a Torre Eiffel é um dos grandes símbolos da França. A poucos meses dos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris, o ex-líbris da cidade está evidentemente a preparar-se para este grande momento. "Claro que a Torre Eiffel vai ter um papel a desempenhar por ocasião da cerimónia de abertura porque, como se sabe, vai haver barcos que vão desfilar no rio Sena e o desfile vai acabar em frente da Torre Eiffel", sublinha Patrick Branco Ruivo.

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