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Bric/Cúpula

Em 2032, Bric vai ser tão importante quanto o G7, diz inventor da sigla

Em entrevista à Rádio França Internacional, Jim O’Neill diz que a criação do grupo é uma mensagem forte às instituições internacionais, mas que as diferenças dificultam o grupo ir além das questões econômicas. O economista-chefe do banco Goldman Sachs diz ainda que a década de inflação baixa e estável diferencia o Brasil de seus parceiros.  

Da esqueda para direita, o presidente Lula, o presidente russo, Dmitri Medvedev, o presidente chinês, Hu Jintao, e o primeiro-indiano, Manmohan Singh, no 1° encontro do Bric, 16 de junho de 2009.
Da esqueda para direita, o presidente Lula, o presidente russo, Dmitri Medvedev, o presidente chinês, Hu Jintao, e o primeiro-indiano, Manmohan Singh, no 1° encontro do Bric, 16 de junho de 2009. Sergei Karpukhin/Reuters
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O Bric, o acrônimo criado pelo economista-chefe do Goldman Sachs Jim O'Neill em 2001, ganhou vida própria. Depois da primeira reunião que formalizou a criação do grupo em junho do ano passado, em Ecaterimburgo, interior da Rússia, líderes dos quatro maiores países emergentes, reúnem-se nesta sexta-feira, em Brasília, para consolidar posições comuns e encontrar um papel de destaque para Brasil, Índia, China e Rússia na economia mundial.

As projeções econômicas sustentam essa ambição. Segundo o banco Goldman Sachs, o BRIC será tão importante quanto o G7, os sete países mais ricos do mundo, em 2032.  Jim O'Neill, o inventor do termo Bric, se diz surpreso com a iniciativa dos líderes desses países de procurar encontrar uma agenda comum nessa segunda cúpula do Bric.

Mas, para o economista-chefe do Goldman Sachs, esse é apenas um sinal de que há a necessidade de mudanças no equilíbrio de forças da economia mundial. “Acho importante dizer que o fato de eles se reunirem mostra que as principais organizações internacionais do mundo precisam mudar. Isso inclui o FMI, o Banco Mundial, a ONU. É preciso dar mais espaço para os países do Bric e o G7 deveria acabar. Acredito que apenas o fato de eles se encontrarem já é uma mensagem poderosa para o mundo desenvolvido”, diz O’Neill.

O economista chefe do banco Goldman Sachs sugere que os chefes de estado e de governo do Bric discutam qual deve ser o peso do grupo nas organizações internacionais e abordar o futuro do sistema financeiro mundial.

Apesar do entusiasmo com o dinamismo econômico demonstrado pela maioria dos países do grupo, Jim O'Neill duvida da capacidade do Bric de conseguir ampliar sua agenda de discussões devido suas grandes diferenças no âmbito político e social.

"Como a China , em assuntos militares, poderia cooperar com o Brasil, a Rússia ou a Índia, que são sociedades muito diferentes ?" questiona O’Neill. "Uma verdadeira cooperação em áreas fora da economia é muito difícil. Economicamente eles são muito diferentes, mas eles partilham o fato de serem muito grandes; achamos que a China vai ultrapassar os Estados Unidos em 2027. Logo, na economia, é muito mais fácil”, completa.

Projeções

E as projeções para o grupo são encorajadoras. Se 2032 parece ainda muito distante, O'Neill insiste que o peso dessas economias já é visível agora. Desde o começo da crise financeira em 2007, 45% do crescimento econômico mundial veio desses 4 países juntos.

"De um certo modo, a crise teve um impacto pisicológico e fez os países dependerem menos dos Estados Unidos e dependerem mais deles mesmos. Os Bric, especialmente Brasil, Índia e China, responderam bem a isso e as economias se recuperaram bem”, disse o economista-chefe do Goldman Sachs que defende a permanência da Rússia no grupo, apesar das críticas sobre às dificuldades do país durante a turbulência financeira global.

"Na última década o crescimento do PIB na Rússia foi maior que o da Índia e que o do Brasil. As pessoas que dizem que deveríamos tirar o "R" do Bric focam apenas em previsões de curtissimo prazo", justifica .

Sobre o Brasil, ele destaca o papel diferenciado do país no Bric. “O Brasil continua a se beneficiar de uma década de inflação baixa e estável que faz do Brasil um país diferente. Os brasileiros agora podem planejar o futuro com alguma estabilidade e confiança e em termos de consumo e de investimento", afirma O’Neill.
 

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