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Mali

Cimeira da CEDEAO para tirar o Mali do impasse

A junta militar que derrubou o executivo do presidente maliano Ibrahim Boubakar Keita no passado dia 18 de Agosto, está reunida hoje com uma delegação da CEDEAO em Acra, capital do Gana, país cujo chefe de Estado assegura a presidência rotativa da organização oeste-africana. Esta cimeira que visa encontrar uma solução ao impasse no Mali, acontece no dia em que termina o prazo fixado pela CEDEAO para a junta militar escolher um novo Presidente e um Primeiro-ministro para encetar um período de transição de 12 meses até à realização de eleições. Uma exigência que até ao momento não foi cumprida.

Acra, capital do Gana.
Acra, capital do Gana. Creative Commons/Guido Sohne
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"Hoje é o dia em que que esperava que a junta militar instalasse um governo que respondesse aos critérios definidos no passado mês de Agosto. Isto ainda não aconteceu" declarou o presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, o chefe de Estado do Gana. "A CEDEAO espera uma autoridade civil nos próximos dias", insistiu ainda Nana Akufo-Addo sem contudo mencionar qual poderia ser a atitude da organização sub-regional no caso da junta militar não responder pela positiva às suas exigências.

Os países da região, preocupados com um possível agravamento e alastramento da instabilidade, adoptaram logo após o golpe uma série de medidas tais como o encerramento das fronteiras com o Mali e a interrupção dos fluxos financeiros com este país, para incitar os militares a restituírem rapidamente o poder aos civis, conforme tinham prometido num primeiro tempo à comunidade internacional. Apesar das promessas, a duração do período de transição e a natureza do poder a ser instaurado interinamente está longe de ser consensual.

Durante o passado fim-de-semana, a junta militar esteve reunida com organizações da sociedade civil para esboçar o futuro imediato do país, encontros de concertação durante os quais foi adoptada uma estratégia preconizando uma transição de 18 meses bem como a nomeação de um Presidente e de um Vice-Presidente oriundos do exército.

Este plano, contudo, parece não fazer a unanimidade, uma vez que hoje o M5, movimento que liderou a contestação durante os meses que antecederam a queda de Ibrahim Boubakar Keita, reclamou "correcções" ao plano de transição da junta. O M5 que diz recusar que a junta militar "confisque" a mudança, denuncia "intimidações bem como práticas antidemocráticas e desleais". O movimento que inicialmente se mostrava disponível para cooperar com os militares, refere agora que apesar de não pretender entrar em rota de colisão com a junta, quer ser colocada em pé de igualdade no processo de transição. Carlos Alberto Martins, empresário português residente em Bamaco, considera que estas dissonâncias são fruto de apenas uma parte da oposição.

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Carlos Alberto Martins, empresário português residente no Mali

Refira-se entretanto que esta cimeira coincide com o anúncio da morte hoje do general e antigo Presidente maliano, Moussa Traoré. Nascido no dia 25 de Setembro de 1936 no sudoeste do país, chegou ao poder em 1968 antes de ser derrubado em Março de 1991. Condenado à morte em 1993 por "crimes de sangue", tinha sido agraciado em 2002 pelo antigo Presidente Alpha Oumar Konaré. Muito ouvido nos últimos anos pela classe política maliana, o antigo Presidente chegou a ser consultado recentemente por membros da junta militar.

 

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