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Human Rights Watch / Darfur

Sudão: HRW adverte contra um "possível genocídio" no Darfur

Porto Sudão, Sudão – A ONG Human Rights Watch (HRW) afirma num relatório publicado esta quinta-feira 9 de Maio, que uma série de ataques levados a cabo por forças paramilitares sudanesas na região ocidental do Darfur, "levanta a possibilidade" de um "genocídio" cometido contra as comunidades étnicas não-árabes.

FOTO DE ARQUIVO: Tirana Hassan, directora executiva da Human Rights Watch (HRW) é vista durante uma entrevista à Reuters em Genebra, Suíça, a 30 de Março de 2023.
FOTO DE ARQUIVO: Tirana Hassan, directora executiva da Human Rights Watch (HRW) é vista durante uma entrevista à Reuters em Genebra, Suíça, a 30 de Março de 2023. REUTERS - DENIS BALIBOUSE
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Os paramilitares das "Forças de Intervenção Rápida" - RSF (da sigla em inglês), bem como as suas milícias aliadas, foram amplamente acusados de limpeza étnica, de crimes de guerra e de crimes contra a Humanidade, na sua guerra contra o exército regular sudenês, iniciada em Abril de 2023 e, que já fez dezenas de milhares de mortos, de entre os quais 15 000 foram descobertos na cidade de el-Geneina, no Darfur ocidental, centro do que a HRW chamou "campanha de limpeza étnica contra a etnia Massalite e outras populações não-árabes da região".

O relatório de mais de 180 páginas, documenta de que maneira essas forças paramilitares e os seus aliados, "levaram a cabo uma campanha sistemática, visando expulsar os habitantes do grupo étnico Massalite,  recorrendo inclusive, a assassínios".

A violência, que incluiu tortura em massa, estupros e saques, chegou ao seu ápice em meados de Junho, quando em questão de dias, foram mortas milhares de pessoas, voltou a aumentar em Novembro.

Advogados locais dos direitos humanos disseram que os combatentes visaram principalmente "membros proeminentes da comunidade Massalite, incluindo médicos, defensores dos direitos humanos, líderes locais e funcionários do governo.

A HRW acrescenta que os agressores "destruíram metodicamente infraestruturas civis vitais" das comunidades deslocadas, principalmente dos Massalites.

- Desastre de "proporções épicas" -

A HRW, que apela a uma investigação quanto à intenção de levar a cabo um genocídio, bem como à imposição de sanções contra os responsáveis, exortou ainda a ONU a "alargar o actual embargo de armas imposto ao Darfur, a todo o Sudão".

O Tribunal Penal Internacional, que está actualmente a investigar assassínios por motivos étnicos, cometidos principalmente pelas RSF no Darfur, diz ter "razões para acreditar" que estes paramilitares, assim como o exército, estão a cometer crimes que se assemelham a genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

Já são mais de 500.000 os sudaneses que fugiram para o Chade, por causa da violência no Darfur, de acordo com os últimos dados da ONU.

A HRW indicou que 75% das pessoas que cruzaram a fronteira em fins de Outubro, eram originárias de el-Geneina, a capital do Darfur Ocidental.

Todos os olhares estão actualmente virados para el-Fasher, capital do Estado do Darfur do Norte, a cerca de 400 quilómetros a leste de el-Geneina e, a única capital dos cinco estados do Darfur que ainda não está nas mãos da RSF.

Agora que o Conselho de Segurança da ONU e os governos estão finalmente a tomar consciência do desastre iminente em el-Fasher, as atrocidades cometidas em grande escala em el-Geneina deveriam reavivar a memória das atrocidades que podem advir, quando não há acções concertadas (por parte da comunidade internacional).

Sublinhou Tirana Hassan, directora executiva da HRW.

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