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Sudão

Sudão : Nações Unidas alarmadas com "escalada das tensões" junto de El-Facher

O secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou nesta sexta-feira um apelo para que as diferentes facções beligerantes no Sudão "se abstenham de combater" depois de os Estados Unidos expressarem receios sobre a possível iminência de um ataque contra El-Facher , capital do norte do Darfur, região onde se concentram os combates.

Cenário de destruição depois de bombardeamentos em El-Facher, capital do norte do Darfur, no dia 1 de Setembro de 2023.
Cenário de destruição depois de bombardeamentos em El-Facher, capital do norte do Darfur, no dia 1 de Setembro de 2023. © AFP
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"Temos recebido informações cada vez mais alarmantes sobre uma escalada considerável das tensões entre os actores armados em El-Facher", diz em comunicado o secretário-geral das Nações Unidas para quem "um ataque àquela cidade teria consequências desastrosas para a população civil", já que esta "escalada das tensões" se desenrola "numa região já à beira da fome".

Depois de um ano de guerra devastadora, centenas de agricultores foram expulsos das suas terras no Sudão, pondo em risco as colheitas e fazendo temer uma situação de fome nesse país do leste de África onde é "urgente agir agora", alertam os responsáveis da ONU.

Com efeito, segundo a FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentos e Agricultura, "em todo o Sudão, há comunidades vulneráveis à fome", esta organização sublinhando que a situação é particularmente alarmante no Kordofan (no sul) e no Darfur que tem sido o epicentro dos combates.

Nessa região do oeste do país, onde vive um quarto dos 48 milhões dos habitantes do país, "há 78% de alimentos a menos do que no ano passado", alerta o PAM, Programa Alimentar Mundial.

É neste contexto que esta semana, o Alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, também se declarou "seriamente preocupado com a escalada da violência" em El-Facher e nos seus arredores, por ser uma zona que tem servido de ‘hub’ da ajuda humanitária a nível do Darfur.

De acordo com as Nações Unidas, pelo menos 43 pessoas, entre as quais mulheres e crianças, foram mortas em combates entre as forças armadas regulares sudanesas e os rebeldes das Forças de Apoio Rápido (FSR) desde o passado 14 de Abril, altura em que os paramilitares começaram a avançar para El-Facher.

"Os civis estão bloqueados na cidade, a única no Darfur ainda nas mãos das forças armadas regulares, temendo ser mortos se tentarem fugir", sublinhou o Alto Comissário, depois de a diplomacia americana ter dado conta da sua grande preocupação na quarta-feira perante a alegada iminência de uma ofensiva dos paramilitares contra El-Facher.

Recorde-se que a guerra, iniciada em Abril de 2023 entre o exército do general Abdel Fattah al-Burhane e os FSR, sob o comando do seu antigo braço-direito, o general Mohamed Hamdane Daglo, provocou milhares de mortos e 8,7 milhões de deslocados no país, havendo igualmente relatos de violência sexual, étnica e de terras incendiadas no Darfur.

Segundo a ONU, este país cuja situação sido relativamente esquecida a nível internacional está a enfrentar "uma das piores crises humanitárias de que há memória".

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