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República Centroafricana/ Política

Mercenários russos acusados de violências na República Centro-Africana

Mercenários russos que combatem contra grupos rebeldes juntamente com as forças do exército da República Centro-Africana são acusados de violações e outros actos de violência contra as populações do país da África Central. Os métodos a que recorrem, os também chamados "instrutores", suscitam uma crescente inquietação.

Um membro da força de segurança pessoal  do presidente da República Centroafricana, Faustin-Archange Touadéra,  composta por agentes da empresa de segurança privada russa, Sewa Security, aqui em Berengo , em 2018.
Um membro da força de segurança pessoal do presidente da República Centroafricana, Faustin-Archange Touadéra, composta por agentes da empresa de segurança privada russa, Sewa Security, aqui em Berengo , em 2018. FLORENT VERGNES / AFP
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No dia 31 de Março, o grupo de trabalho das Nações Unidas chamou a atenção da comunidade internacional para uma série de violações graves dos direitos humanos, ligados à actuação de mercenários nomeadamente na Líbia e na República Centro-Africana.

Segundo uma sondagem conduzida pela RFI, embora  visível, a presença de mercenários russos, assim como os seus actos de violência, são pouco comentados na República Centro-Africana.

A embaixada da Rússia, em Bangui, reconhece que estão actualmente 535 russos no país da África central, mas afirma que eles são instrutores e não participam nos combates entre as forças centro-africanas  e os rebeldes em luta contra o poder local.

Fontes centro-africanas e internacionais, ligadas à segurança consideram que existem entre 800 a  2000 mercenários russos, que para além de participarem nos combates, também actuam em postos de controlo e lugares estratégicos.

O grupo de trabalho da ONU citou no seu relatório a existência de três entidades russas, o  grupo Wagner, a Sewa Security Services, uma sociedade de direito centro-africana, fundada em Bangui em 2017, tida como  filial do Wagner, assim como a Lobaye Invest SARLU, uma companhia mineira, criada também 2017.

Segundo o grupo de trabalho da ONU, ligado ao Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas, existem provas de que as entidades citadas estiveram envolvidas numa série de ataques violentos ocorridos na República Centro-africana em Dezembro de 2020.

Vários relatórios internos das Nações Unidas confirmam as acusações contra as referidas sociedades. Um deles identifica pelo menos uma centena de vítimas de violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário, cometidas tanto pelas Forças Armadas Centro-africanas (FACA) como pelos seus aliados russos e elementos russos isolados, entre o dia 1 de Janeiro e meados de Abril de 2021.

Ouaka, no nordeste de Bangui, a 370 kms da capital centro-africana é uma das  localidades, que após ter estado dois meses sob o jugo dos rebeldes da Coligação dos Patriotas para Mudança (CPC), liderada pelo antigo Presidente  François Bozizé, foi alvo dos actos de violência por parte das Forças Armadas Centro-africanas e os seus aliados  russos.

Segundo testemunhos recolhidos pela RFI em Bambari, principal município de Ouaka, durante os combates violentos com os rebeldes da UPC, ex-membros do Seleka que se refugiaram numa mesquita, os mercenários russos começaram a disparar indiscriminadamente, sem ter em consideração a presença de civis.

Um relatório confidencial da secção dos direitos humanos da  MINUSCA (Missão das Nações Unidas na República Centro-africana) conclui que há um uso exagerado da força pelos mercenários russos.

De acordo com membros da MINUSCA, os mercenários ignoram as regras do direito internacional humanitário.

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Mercenários russos acusados de actos de violência na República Centroafricana 03 05 2021

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