Desmond Tutu: "Defendia os direitos de todos, incluindo dos adversários"

A morte de Desmond Tutu, uma figura ímpar na luta pelos direitos humanos e pelo fim do apartheid, continua a suscitar reacções um pouco por todo o mundo. O ex-presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, recordou Desmond Tutu e classificou-o como um humanista, um homem que defendia todos, incluindo os seus adversários. 

Desmond Tutu morreu no dia 26 de Dezembro aos 90 anos. Jennifer BRUCE AFP/File

"Era, sobretudo, um humanista, um homem que defendia os direitos de todos, incluindo os direitos dos adversários. Ele presidiu à Comissão da Verdade e trabalhou pela reconciliação entre os sul-africanos, independentemente das suas origens. Era um homem que tinha uma visão ampla e completa do seu país", começou por dizer o ex-chefe de Estado, Pedro Pires, em entrevista à RFI.

Pedro Pires recordou Desmond Tutu como sendo um apologista de um país onde toda a gente tinha lugar: "Creio que é o criador do país arco-íris, um país onde todos podiam estar e todos cabiam". 

Desmond Tutu foi uma referência mundial na luta pelos direitos humanos, conforme recordou o nosso entrevistado: "Tutu lutou pela defesa dos direitos fundamentais dos povos e das pessoas".

"Mais do que isso era um religioso e, portanto, estamos a ver a sua formação, o seu humanismo, mas também a sua vocação de estar ao serviço dos outros", salientou ainda.

O antigo líder de Cabo Verde falou depois sobre o legado deixado pelo Nobel da Paz: "Um legado do diálogo, da reconciliação, da integração das várias componentes da nação sul-africana a que chamou nação arco-íris. É uma pessoa que vai fazer muita falta".

Ouça aqui o relato de Pedro Pires, ex-chefe de estado cabo-verdiano:

02:07

Pedro Pires sobre Desmond Tutu 1

Pedro Pires recordou ainda o arcebispo sul-africano como um homem simples, alegre e de fácil comunicação com os outros. 

"Era um homem ao serviço de uma causa, que é a igualdade e a cooperação entre os sul-africanos e entre os africanos no geral", complementou.

Por seu turno, o ex-chefe de Estado referiu também que o prémio Nobel da Paz dá uma dimensão universal às pessoas que são distinguidas, caso de Desmond Tutu que recebeu o galardão em 1984.

"Ele é o prémio Nobel, mas ao mesmo tempo o homem aberto ao diálogo, à cooperação entre as diversas comunidades. Ele passou a ser um símbolo da união e da reconcialiação das comunidades da África do Sul", rematou.

Ouça a restante alocução de Pedro Pires, ex-Presidente cabo-verdiano:

01:36

Pedro Pires sobre Desmond Tutu 2

Recorde-se que Desmond Tutu faleceu no passado domingo, 26 de Dezembro, aos 90 anos de idade.