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Camarões

HRW acusa forças governamentais de exacções na zona anglófona dos Camarões

A ONG Human Rights Watch (HRW) acusou nesta quinta-feira o exército camaronês de "assassinatos" e "detenções arbitrárias" na zona anglófona dos Camarões, zona que abrange duas regiões no oeste do país sobre um total de 10 regiões, onde um conflito opõe há cinco anos grupos separatistas armados e forças da ordem.

Bamenda, capital da região noroeste dos Camarões, na parte anglófona do país.
Bamenda, capital da região noroeste dos Camarões, na parte anglófona do país. Reinnier KAZE / AFP
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“Soldados camaroneses mataram arbitrariamente pelo menos dez pessoas e cometeram vários outros abusos entre os dias 24 de Abril e 12 de Junho durante operações de contra-insurgência no noroeste dos Camarões”, indicou a ONG num relatório referindo igualmente que membros das forças de segurança “destruíram e saquearam centros de saúde, detiveram arbitrariamente pelo menos 26 pessoas e terão feito desaparecer à força cerca de 17 outras".

As regiões do noroeste e do sudoeste dos Camarões têm sido palco nos últimos cinco anos de um conflito que opõe as forças da ordem a grupos separatistas que reclamam a independência para o território que denominam de "Ambazonia".

Parte da população da zona anglófona deste país onde predominam os francófonos, tem-se sentido colocada de parte pelo regime de Paul Biya, 89 anos, que dirige o país com pulso firme desde 1982. O conflito resultante do descontentamento que se foi acumulando naquelas regiões, provocou mais de 6 mil mortos desde o final de 2016 e causou igualmente mais de um milhão de deslocados, segundo o organismo de análise de conflitos ‘International Crisis Group’.

Tanto os grupos rebeldes como as forças leais e a polícia têm sido frequentemente acusados por ONGs  internacionais e pela ONU de perpetrar abusos e crimes contra civis.

A título de exemplo, a Human Rights Watch deu conta de um ataque protagonizado por militares camaroneses no dia 1 de Junho na localidade de Missong, no noroeste, que resultou na morte de 9 pessoas, "uma operação de retaliação contra uma comunidade suspeita de abrigar combatentes separatistas" refere a ONG ao indicar que o próprio exército reconheceu em seguida um "erro" e "uma reacção inadequada".

No final do mês de Junho, a ONG deu também conta de "graves violações dos Direitos Humanos" cometidas desta vez pelos rebeldes. De acordo com o que afirmou naquela altura a Human Rights Watch, "desde Janeiro de 2022, os combatentes separatistas armados mataram pelo menos 7 pessoas, feriram 6 outras, violaram uma menina e cometeram outras violações graves dos Direitos Humanos".

A organização deu conta igualmente nesse relatório de um ataque no dia 10 de Junho cometido por grupos que se presumem ser rebeldes e que incendiaram um hospital em Mamfe, no sudoeste do país, privando 85 mil pessoas do acesso a estruturas de saúde.

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