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Niger

Níger: CEDEAO activa força de intervenção de reserva

Reunidos em Abuja, na Nigéria, os países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) aprovaram uma intervenção militar no Níger "o mais rápido possível", para expulsar do poder os autores do golpe de Estado do mês passado, afirmou, esta quinta-feira, o Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara.

Níger: CEDEAO activa força de intervenção.
Níger: CEDEAO activa força de intervenção. © MICHELE SPATARI / AFP
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A cimeira de quinze países da África Ocidental dedicada à resposta ao golpe de Estado no Níger anunciou a activação da sua força de intervenção de reserva, sem desencadear uma operação militar.

Os chefes de estado da CEDEAO terminaram as discussões a portas fechadas e tomaram medidas contra os golpistas. A CEDEAO anunciou que vai “ordenar ao comité de comandantes do exército para activar as forças da CEDEAO e ordenar o seu destacamento com vista a restabelecer a ordem democrática no Níger”.

No comunicado de imprensa, a CEDEAO solicitou que a União Africana (UA) aprovasse estas medidas e pediu o apoio de todos os seus parceiros, incluindo as Nações Unidas. "É crucial que priorizemos as negociações diplomáticas e o diálogo como base da nossa abordagem", afirmou o Presidente da Nigéria, que detém a presidência rotativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Apesar do ultimato e das tentativas de negociação terem falhado, a CEDEAO continua a procurar uma saída de crise pacífica, declarou o Presidente da Nigéria, Bola Tinubu. "É crucial que priorizemos as negociações e os diálogos diplomáticos como base de nossa abordagem”, afirmou.

Quatro dias depois do ultimato da CEDEAO, a organização sub-regional viu-se forçada a endurecer medidas, como defendeu o presidente da comissão da CEDEAO, Omar Touray, “pedimos ao comité de chefes das forças armadas para activar, de imediato, a força de intervenção de reserva da CEDEAO e todos os seus elementos. Dei ordens para mobilizar esta força para restaurar a ordem constitucional na República do Níger”.

Os detalhes sobre a activação desta força ainda não são conhecidos, numa altura em que a CEDEAO pede o apoio da União Africana e de todos os seus parceiros, incluindo a ONU. 

As sanções contra os autores do golpe devem ser reforçadas, defendendo "o encerramento de fronteiras, a restrições à circulação de pessoas e o congelamento de bens de qualquer pessoa ou grupo de indivíduos que se manifestem contra o restabelecimento pacífico da ordem constitucional no Níger”.

Esta eventual acção militar divide o continente. A Nigéria, o Benim, a Costa do Marfim e o Senegal confirmaram a disponibilidade dos seus exércitos para intervir no território do Níger. Do outro lado, o Mali e o Burkina Faso, países próximos de Moscovo e onde estão presentes os mercenários do grupo  Wagner, governados por juntas militares, opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger significa uma declaração de guerra também contra eles.

Apesar do anuncio da mobilização da força de reserva, a CEDEAO acredita que ainda é possível uma saída "amigável" da crise.

A Junta militar no poder no Níger, liderada pelo general Abdourahmane Tiani, ameaçou executar o Presidente deposto, caso se concretizar intervenção militar aprovada pela CEDEAO, avança a agência Associated Press, numa mensagem transmitida à sub-secretária de Estado norte-americana, Victoria Nuland, durante a visita que fez a Niamey esta semana.

A comunidade internacional mostra preocupação quanto às condições de detenção do Presidente deposto, Mohamed Bazoum. O partido do chefe de Estado eleito afirma que ele estava “sequestrado na residência presidencial, sem água ou electricidade e que vivia de reservas”.

Depois do anúncio da mobilização desta força, o ministério dos Negócios Estrangeiros francês anunciou que a França vai apoiar a decisão da CEDEAO. Paris "reitera a condenação à tentativa de golpe em curso no Níger, assim como o sequestro do presidente Bazoum e da sua família", acrescentou.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, denunciou também as “condições deploráveis em que o presidente Bazoum e a sua família estão alegadamente a viver” e reiterou o apoio das Nações Unidas ao esforço da CEDEAO para restaurar a ordem constitucional no Níger.

Todos os presidentes do bloco da África Ocidental participam na cimeira desta quinta-feira, 10 de Agosto, com excepção da Gâmbia, da Libéria e de Cabo Verde, que enviaram representantes. A cimeira extraordinária de Abuja realizou-se numa altura em que a região da África Ocidental vive um quinto golpe de Estado desde 2020, depois dos do Mali (duas vezes), Burkina Faso e Guiné-Conacri. No total, desde 2020, a África Ocidental registou nove tentativas de golpes de Estado. 

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