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África do Sul/Copa do Mundo

Bem-vindos à África do Sul, país sede da Copa do Mundo de 2010

Com o fim do Apartheid, a África do Sul se reconciliou com o mundo, também na esfera esportiva. Depois um isolamento de quase 50 anos, o país unificou suas associações e a Federação Sul Africana de futebol, reconhecida oficialmente pela FIFA em 1992. Apenas 12 anos depois, em 2004, o país foi escolhido para organizar o Mundial.

O mascote "Zakumi" está em toda parte na África do Sul.
O mascote "Zakumi" está em toda parte na África do Sul. Foto: Elcio Ramalho/RFI
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Ao som das vuvuzelas, a corneta barulhenta que os torcedores levam aos estádios, com muitos sorrisos e uma alegria contagiante, os sul africanos se preparam para acolher o Mundial de 2010.

Quando a bola rolar na abertura abertura da Copa, no dia 11 de junho, no gramado do Soccer City, em Joanesburgo, um nova página da história do futebol vai ser escrita. Um capítulo especial, que começou a ser redigido desde que a FIFA escolheu o país para sediar a primeira Copa na África, um continente apaixonado por futebol.

A África do Sul vive uma euforia incomum, mas constantemente está na mira dos que ainda duvidam de sua capacidade em organizar um dos eventos mais populares do planeta.
O país teve que driblar até a desconfiança que surgiu por causa do incidente em Cabinda, província de Angola onde um movimento independentista atacou a delegação togolesa que desistiu de participar da Copa Africana de Nações, no início de janeiro.
O comitê organizador do Mundial, chamou a imprensa para lembrar que a África do Sul é um país diferente.

Como seu próprio nome indica, a África do Sul fica no extremo sul do continente africano e é banhado por dois Oceanos, o Atlântico e o Índico. Os 49 milhões de habitantes formam um painel de raças e etnias. Há 11 línguas oficiais, a maioria das tribos africanas que povoaram o país. O inglês é apenas a quinta língua mais falada, herança dos colonizadores britânicos que desde o século 18 disputaram com outros europeus, especialmente os holandeses, uma terra rica em ouro e diamante. A África do Sul foi unida em 1910. Desde o início, os políticos, de minoria branca, criaram um sistema de segregação racial que deu origem ao Apartheid e marcou a história recente e a imagem do país.

Segregação racial

O peruano Augusto Palacios, de origem negro, mudou-se para a África do Sul no início dos anos 80 com a mulher e os dois filhos a convite da federação nacional de futebol para ajudar a formar jogadores no país. Ele foi trenador da seleção sul africana e nem por isso deixou de viver na pele a discriminação racial. “Minha filha que estudava em um colégio particular foi convidada para uma festa em um clube privado. Quando entrei com o carro e me viram, disseram que o local era só para brancos. Vi minha filha chorar e isso para mim, como para qualquer pai, foi difícil", lembra.

"Uma vez meu filho estava brincando de futebol no jardim. A bola foi no quintal do vizinho que era branco e ele furou toda bola. Fui lá e o enfrentei e acabei reagindo violentamente. Hoje penso que Deus nos traçou este caminho e agradeço a Ele por ter nos dado força e garra para lutar contra algo difícil", diz

Isolamento

O Apartheid isolou a África do Sul. Pressões da comunidade internacional e as tensões internas obrigaram o governo a, gradualmente, ceder e flexibilizar as leis que segregaram a população. Em 1990, a libertação do maior símbolo da luta anti-apartheid e da resistência negra, Nelson Mandela, preso durante 27 anos, abriu caminho para o fim do regime.

Cartaz com diversas fotos de Nelson Mandela em frente ao museu do Apartheid, em Joanesburgo.
Cartaz com diversas fotos de Nelson Mandela em frente ao museu do Apartheid, em Joanesburgo. Foto: Elcio Ramalho/RFI

Líder do Congresso nacional Africano, Mandela foi eleito presidente nas eleições democráticas de 1994 e governou o país por 5 anos. “Ele foi um homem muito bom, excelente…nunca esqueceremos Mandela. Ele é único por tudo o que fez pelos sul-africanos. Apesar de tudo o que aconteceu com ele, sua prisão, ele nunca cultivou o ódio. Por isso, todo mundo, brancos e negros, respeitam Mandela", diz  o taxista Sidwell.

Esperança

Nelson Mandela, prêmio Nobel da Paz de 1993, que dividiu com o último presidente do regime Apartheid, Frederik de Klerk, retirou-se da vida política e raramente aparece em público. Em dezembro, durante a cerimônia de abertura do sorteio das chaves da Copa, foi exibida uma mensagem de vídeo onde resumiu o orgulho dos sul africanos em acolher o Mundial. " Nós nos sentimos ao mesmo tempo privilegiados e cheios de humildade ao saber que  África do Sul se beneficia deste evento singular", disse ele.  

Fã de esporte, Mandela surpreendeu seu país e o mundo ao entrar no estádio vestindo a camiseta do capitão da seleção da África do Sul antes da final do campeonato mundial de rugby, em 1995. Desacreditada no início da competição, a África do Sul venceu o Mundial de um esporte relacionado com a minoria branca.

Agora é o futebol, esporte mais popular, o preferido da maioria negra, que faz a população inteira sonhar. Os Bafana Bafana (Moleques, na língua local), treinados pelo brasileiro Carlos Alberto Parreira estão longe de fazer a África do Sul uma das favoritas da Copa. Mas se depender do som das vuvuzelas e do empurrão dos torcedores, eles podem surpreender: “Gostaria de vê-los nas quartas de final, e depois, eles vão sentir toda a motivação vão avançar até quem sabe chegar à final … você sabe, futebol é uma surpresa", diz um torcedor de Joanesburgo.

 

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