Militares na Guiné-Bissau querem governo de união nacional
Os militares protagonizaram um levantamento na noite passada em Bissau e propõem aos políticos um governo de união nacional antes de novas eleições legislativas e presidenciais. O primeiro-ministro e o presidente interino ficaram sob custódia das tropas insurrectas. A campanha rumo à segunda volta devia ter arrancado hoje.
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A residência em Bissau do primeiro-ministro cessante, Carlos Gomes Júnior, foi vandalizada e a sua esposa afirmou que ele teria sido levado por militares.
O pânico inspirou-se da população guineense, a capital estava a ser patrulhada hoje por militares e o comércio e as repartições encerradas.
A maioria das autoridades públicas estavam hoje em paradeiro incerto.
O comando militar justificara a sua intervenção com um alegado pacto secreto entre o governo e as tropas angolanas para estas poderem intervir em caso de crise.
O levantamento ocorreu a escassas horas do arranque da campanha rumo à segunda volta das eleições presidenciais que deveria opor o primeiro-ministro cessante, Carlos Gomes Júnior, e Kumba Yalá, antigo chefe de Estado.
Este numa conferência de imprensa ontem descartara participar na campanha prevenindo toda e qualquer pessoa que o fizesse em seu nome.
Mussá Baldé, correspondente na capital guineense, faz-nos o retrato da situação.
Correspondência de Bissau
Por ora o governo de Angola ainda não reagiu. O levantamento militar guineense foi acompanhado com atenção, nomeadamente, devido à presença de um contingente angolano destacado para aquele país da África ocidental.
Avelino Miguel, correspondente em Luanda, tem mais informação.
Correspondência de Luanda
O Conselho de segurança da ONU reunido esta sexta-feira em Nova Iorque condenou o levantamento na Guiné-Bissau exigindo o regresso a um regresso civil.
A CPLP, Comunidade dos países de língua portuguesa, reúne-se neste sábado em Lisboa com a crise na Guiné-Bissau na agenda.
Aguarda-se uma resolução do Conselho de ministros sobre a Guiné-Bissau cuja história desde a independência proclamada em 1973 se tem pautado por uma longa série de golpes de Estado.
A comunidade internacional condenou de forma unânime os acontecimentos ocorridos em Bissau.
Entretanto ao final da tarde o comando militar convocou os partidos políticos para lhes dar a conhecer os motivos do levantamento.
Os militares pedem novas eleições legislativas e presidenciais, sem a presença do primeiro-ministro cessante e propõem aos políticos um governo de união nacional.
Agnelo Regala, líder do movimento, União para a Mudança, fez o rescaldo da reunião com os militares a Mussá Baldé.
Testemunho de Agnelo Regala, líder da União para a Mudança
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