Presidente de Angola em visita oficial em França
Pela primeira vez em vinte anos, o Presidente angolano José Eduardo dos Santos efectuou esta terça-feira uma visita oficial a França, uma curta deslocação à qual veio acompanhado por uma forte delegação de ministros e empresários angolanos.
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Esta visita acontece num momento em que tanto a França como Angola pretendem virar a página dos anos de tensão decorrentes do "Angolagate", o escândalo da venda ilegal de armas a Angola com ramificações políticas em França e que durante a década de 2000 envenenou literalmente o relacionamento entre Paris e Luanda. Sinal de que os tempos parecem estar a mudar, o chefe da diplomacia angolana Georges Chicoty, avaliou hoje as relações com Paris como sendo "muito boas".
Georges Chicoty, Ministro das Relações Exteriores de Angola
Esta terça-feira, o tom das discussões foi por conseguinte de apaziguamento, um comunicado do Eliseu indicando que para além de pretenderem "dar um novo impulso às relações Franco-Angolanas", o Presidente francês e o seu homólogo angolano evocaram juntos "questões de paz e segurança em África". No final do seu encontro, José Eduardo dos Santos e François Hollande lançaram um apelo à comunidade internacional, para que a República Centro-Africana possa beneficiar de um apoio suficiente para fazer frente à crise humanitária, Luanda tendo anunciado no início do mês de Março um apoio de 10 milhões de Dólares às autoridades de transição da RCA.
Os dois presidentes também abordaram a situação da República Democrática do Congo cujos "progressos" saudaram, Angola assumindo desde o início de 2014 e por dois anos a presidência rotativa da Conferência dos Países dos Grandes Lagos. Da ementa das conversações também não deve ter estado ausente a candidatura de Angola a membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, um cargo que já chegou a ocupar em 2002. Ao evocar esse aspecto, o ministro angolano das Relações Exteriores referiu que para além do apoio de várias entidades, entre as quais a União Africana, Angola poderia beneficiar também de uma opinião favorável por parte da França.
Georges Chicoty, Ministro das Relações Exteriores de Angola
Para além de uma faceta fortemente política, esta visita teve igualmente um cariz económico. Embora não se esperasse a assinatura de grandes acordos neste domínio, um dos pontos altos da visita foi o Fórum empresarial organizado no final desta tarde, em que empresários angolanos se encontraram com os seus homólogos franceses sob a égide do chefe da diplomacia francesa e membros do governo angolano, entre os quais o ministro dos petróleos, Botelho de Vasconcelos e o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chicoty.
Actualmente, a França é o terceiro investidor estrangeiro em Angola, as trocas comerciais entre os dois países tendo representado 1, 47 mil milhões de Euros em 2012. A presença francesa em Angola cinge-se essencialmente à área dos hidrocarbonetos, a sua presença noutros domínios, nomeadamente as infra-estruturas, sendo considerada ainda tímida, como não deixou aliás de realçar o próprio presidente angolano aquando do Fórum empresarial.
José Eduardo dos santos, Presidente de Angola
Nesta partitura entre Paris e Luanda que se queria perfeitamente oleada, não deixaram contudo de se elevar algumas vozes dissonantes. No final desta manhã, no centro da capital francesa, nas imediações do Palácio do Eliseu onde José Eduardo dos Santos se avistou com o seu homólogo francês, alguns activistas da Diáspora Angolana organizaram uma pequena concentração para protestar contra presença do chefe de Estado de Angola em Paris.
Reportagem sobre a concentração da Diáspora angolana
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