Líder do principal partido de oposição de Moçambique chegou a Maputo
Afonso Dhlakama, deixou a Gorongosa, seu esconderijo durante quase um ano, e chegou esta tarde a Maputo onde amanhã deve formalmente assinar juntamente com o presidente Guebuza o fim da violência militar sensivelmente duas semanas depois de ter sido acordado o cessar-fogo entre o governo e a Renamo.
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Cinco anos após ter abandonado a capital moçambicana, no quadro da crise política e militar vigente nos últimos tempos, o líder da Renamo regressou num avião privado fretado pela Itália, na companhia designadamente dos embaixadores italiano em Maputo bem como do seu homólogo português.
Á sua chegada no Aeroporto Internacional de Maputo por volta das 18h20 locais, centenas de militantes e simpatizantes da Renamo estavam à sua espera havia mais de cinco horas e foi num clima de grande euforia que Afonso Dhlakama, ao ser acolhido, proferiu as suas primeiras declarações e referiu "trazer o valor da democracia".
Afonso Dhlakama em declarações recolhidas pelo correspondente em Maputo, Orfeu Lisboa
Entre os diplomatas que acompanharam Afonso Dhlakama desde a sua saída das matas da Gorongosa, estava o embaixador de Portugal em Moçambique, José Augusto Duarte, que se mostrou optimista quanto ao futuro politico do país.
Embaixador José Augusto Duarte em declarações recolhidas pelo correspondente em Maputo, Orfeu Lisboa
Com a perspectiva de uma possível estabilização do país, Moçambique começa aos poucos a centrar a sua atenção sobre os preparativos das eleições gerais de 15 de Outubro, um processo desde jà marcado por suspeitas de irregularidades.
A Associação dos Parlamentares Europeus para África e o CIP, Centro de Integridade Pública, acusaram esta quarta-feira a Frelimo, partido no poder, de usar meios do Estado na campanha para as eleições gerais. Num levantamento feito pelas duas entidades e hoje publicado, fornecem-se nomes de responsáveis distritais e provinciais alegadamente envolvidos em acções de caça ao voto com viaturas do Estado e as respectivas matrículas.
Ao enumerar as provas que tem em sua posse, Borges Nhamire, pesquisador do CIP que participou nesta investigação, refere-se ao caso de Joaquim Zefanias, Administrador do distrito de Barué e do Secretário Permanente do mesmo distrito que segundo as suas informações terão desviado 67 mil meticais para financiar actividades eleitorais e facturas do partido no poder.
Borges Nhamire, pesquisador do CIP, entrevistado por Liliana Henriques
Noutro quadrante, o que também dominou a actualidade moçambicana hoje foi a saída da prisão de máxima segurança da Machava de Nini Satar sob regime de liberdade condicional, dois dias depois de uma decisão do tribunal Judicial da Cidade de Maputo neste sentido.
Momed Assif Abdul Satar, de 40 anos, cumpre a pena máxima, 24 anos de prisão, por envolvimento directo no assassínio do jornalista Carlos Cardoso em 2000. Nini Satar cujo nome, de resto, foi igualmente citado nos últimos tempos em casos de raptos que abalaram as cidades de Maputo e Matola foi solto no início desta tarde, sendo o quarto condenado no caso Carlos Cardoso a beneficiar da liberdade condicional por bom comportamento.
Ao sair da prisão, Nini Satar, negou o seu alegado envolvimento em raptos e declarou que "se quisesse sair de Moçambique, teria fugido de prisão já há muito tempo".
Nini Satar em declarações recolhidas pelo correspondente em Maputo, Orfeu Lisboa
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