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Moçambique

Moçambicanos revoltados com o assassínio do constitucionalista Gilles Cistac

Um dia depois do assassinato em pleno centro de Maputo do constitucionalista moçambicano de origem francesa Gilles Cistac, a polícia referiu hoje não ter mais dados sobre o que sucedeu ontem, a emoção sendo entretanto palpável nomeadamente na imprensa moçambicana que esta quarta-feira reservou massivamente as suas manchetes ao trágico fim de Gilles Cistac.

Gilles Cistac, constitucionalista moçambicano
Gilles Cistac, constitucionalista moçambicano DR
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Entre outras publicações, "O País", principal diário privado de Moçambique, abriu a sua edição de hoje com o título "Terrorismo", o "Notícias", principal diário do país titulou "Assassinado Prof. Gilles Cistac" e o semanário "Canal de Moçambique" fez manchete com o título "Frelimo de assassinos".

Abatido a tiro ontem de manhã por desconhecidos à saída de um café no centro da capital moçambicana, o académico de 53 anos era um dos principais especialistas em assuntos constitucionais de Moçambique e, em várias ocasiões, manifestou opiniões jurídicas contrárias aos interesses do Governo e da Frelimo, partido no poder.

A última polémica em que Gilles Cistac se viu envolvido relacionava-se com a criação de províncias autónomas reclamada pela Renamo, o académico tendo declarado em vários meios de comunicação social que não existem impedimentos legais para a sua concretização, o que suscitou críticas acerbas por parte de alguns sectores de opinião.

Tanto hoje como ontem, logo após o assassinato do académico, foram numerosas as vozes que se elevaram para apontar possíveis responsáveis. Ao prometer "vingar a morte" de Gilles Cistac, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama acusou "radicais da Frelimo" de estar por detrás do sucedido e Daviz Simango, presidente do MDM, terceira força política do país, considerou que o constitucionalista foi assassinado "por encomenda, após pronunciamentos que irritaram uma elite política intolerante". Por sua vez, a Frelimo, partido no poder, que apenas hoje se pronunciou sobre o caso pela voz de Damião José, exigiu resultados à policia.
Mais pormenores com Orfeu Lisboa.

01:26

Orfeu Lisboa, correspondente da RFI em Moçambique

No exterior, o assassinato de Gilles Cistac não passou despercebido, a União Europeia tendo lançado um apelo ao presidente moçambicano para que seja rapidamente esclarecido o que qualificou de "ataque à liberdade de expressão".

Também aqui em França, país de onde era originário Gilles Cistac, a personalidade e contributo do académico para a sociedade moçambicana foram relembrados por Michel Cahen, politólogo francês especialista de Moçambique, durante um seminário sobre política africana na faculdade de ciências políticas de Paris. Do ponto de vista deste estudioso, a luta feroz que hoje se trava entre duas facções da Frelimo, partido no poder, estariam na base do assassinato de Gilles Cistac.

01:21

Estudioso Michel Cahen entrevistado por Liliana Henriques

Ao mostrar-se pouco optimista quanto às repercussões políticas e sociais que pode gerar a morte de Gilles Cistac, o estudioso Michel Cahen considera que a ala dita "radical" da Frelimo está disposta a tudo para conservar a cadeira do poder.

01:31

Estudioso Michel Cahen entrevistado por Liliana Henriques

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