Atentado em Ouagadougou não visa só Ocidentais
Após o ataque contra o Hotel Radisson no Mali em Bamako em Novembro de 2015, os jihadistas do grupo terrorista Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (Aqmi) visaram na noite de sexta-feira,Ouagadogou, capital do Burkina Faso. Os terroristas que se dvidiram em dois grupos atacaram simultâneamente um estabelecimento hoteleiro e um restaurante adjacente frequentado por ocidentais que residem ou visitam a capital burkinabê. Mais de duas dezenas de pessoas foram mortas.
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O atentado na capital burkinabé ocorre dois meses depois de um ataque com características idênticas levado à cabo pela rede terrorista Al-Qaeda no Magrebe Islâmico(Aqmi) em Bamako no Mali. Para os observadores da situação na África do norte e na África do Sahel,o atentado de sexta-feira à noite em Ouagadougou não visava somente os lugares da capital burkinabê frequentados por ocidentais, em particular franceses.
Burkina Faso
Segundo Cynthia Ohayon, da organização não-governamental, International Crisis Group, tinha-se o pressentimento desde há meses que os jihadistas da Aqmi iriam visar o Burkina Faso, por razões evidentes. Entre estas conta-se nomeadamente o facto de que militares burkinenses integram a Minusma, missão da ONU no Mali,onde a Aqmi e outros grupos jihadistas lutam contra as forças governamentais e contra o apoio militar dado pela França através da operação Barkhane.O Burkina Faso é um dos países da região do Sahel, onde também estão estacionados militares franceses da missão Barkhane.
O economista luso-guineense residente em Ouagadougou, Hélder Cardoso, descreve o ambiente que se vive na capital do Burkina Faso - onde continuam a decorrer investigações.
Economista luso-guineense residente em Ouagadougou, Hélder Cardoso
O outro aspecto prende-se com a nova dinâmica da vida democrática no Burkina Faso. Ela encarna um símbolo contrário aos preceitos do islamismo radical armado, que rejeita toda e qualquer veleidade democrática do tipo ocidental. A novidade que transparece no ataque de Ouagadougou contra o hotel Splendid e o vizinho restaurante Cappuccino , onde foram executadas mais de duas dezenas de pessoas, das quais dois cidadãos franceses, é a expansão do jihadismo para as cidades à sul de Bamako.
Este novo elemento na estratégia do islamismo radical não deixará de inquietar outras capitais africanas da sub-região, como por exemplo Dakar, onde existe uma convivência harmónica entre muçulmanos e cristãos.
As forças de segurança burkinenses apoiadas por comando especiais franceses neutralizaram os jihadistas, ao cabo de 12 horas e libertaram 126 pessoas que se encontravam no hotel Splendid. Segundo o ministro do interior do Burkina Faso, Simon Compaoré, 33 pessoas ficaram feridas e quatro jihadistas, entre os quais ,três africanos e um árabe, foram mortos durante a intervenção no hotel Splendid. Dos jiahdistas mortos , dois eram mulheres.As vítimas eram de 18 nacionalidades.O ministro da Comunicação Social burkinabê, Rémi Dandjinou, anunciou a proclamação de três dias de luto nacional.
O secretário de Estado das Comunidades portuguesas, José Luís Carneiro, disse hoje que não há registo de portugueses mortos ou feridos no ataque terrorista no Burkina Faso.
Secretário de Estado das Comunidades portuguesas, José Luís Carneiro
A rede Al-Qaeda no magrebe islâmico reivindicou o ataque iniciado às 19h45 (hora local), afirmando que o acto terrorista foi perpetrado pelo grupo Al-Mourabitoun,liderado pelo extremista argelino, Mokhtar Belmokthar, para segundo a mesma, punir a França e os descrentes ocidentais. A França, a União Europeia e os Estados Unidos condenaram o ataque, sem precedentes na história do Burkina Faso, numa altura em que o Estado da África ocidental enceta uma nova etapa para a consolidação da sua democracia.
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