Cabinda: "É preciso assegurar que a paz chegue para todos”
O bispo de Cabinda reuniu-se com o Presidente angolano, João Lourenço, e aproveitou a ocasião para abordar a situação dos antigos militares das Forças de Libertação do Enclave de Cabinda, reconhecendo que “o processo não foi bem terminado”. Belmiro Chissengueti afirma que é preciso assegurar que “a paz chegue para todos”.
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Foi durante um encontro com o chefe de Estado angolano que o bispo de Cabinda abordou, entre outros temas, a situação dos antigos militares das Forças de Libertação do Enclave de Cabinda-Flec. Belmiro Chissengueti salientou que “o processo não foi bem terminado”, acrescentando que é preciso assegurar que a “paz chegue a todos”.
O bispo de Cabinda recorda que “há promessas feitas e devem ser realizadas para o bem da paz e da reconciliação aqui na nossa terra de Cabinda”.
João Lourenço iniciou esta quinta-feira, 21 de Abril, uma visita de três dias ao enclave de Cabinda, onde o Movimento Independentista da Flec-Fac, tem reivindicado acções militares, com dezenas de mortos. Uma situação de conflitualidade sobre a qual o executivo angolano se tem mantido discreto, não confirmando baixas nem falando de instabilidade, sublinhando sempre a unidade do território.
No âmbito da sua visita, João Lourenço inaugurou um novo hospital regional, “uma grande obra”, reconhece Belmiro Chissengueti, sugerindo a necessidade “de uma comparticipação para se assegurar a qualidade dos serviços, sobretudo a estabilidade de uma infra-estrutura, há de facto a necessidade de uma comparticipação dos cidadãos”.
Esta nova unidade hospitalar tem vindo a ser alvo de críticas devido, nomeadamente, ao recrutamento de pessoal de saúde estrangeiro com vencimentos superiores aos médicos angolanos, em greve há vários meses.
A visita do chefe de Estado angolano acontece num contexto delicado. Apesar dos recursos naturais da região, a maioria da população vive na extrema pobreza, frequentemente denunciada por organizações de Direitos Humanos e pelo Movimento Independentista da Flec-Fac. Outra questão que preocupa as populações locais, é a frequente violação dos Direitos Humanos pelas forças de segurança.
Esta semana, cinco organizações políticas, a Frente Consensual de Cabinda (FCC), Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para a sua Soberania (MRPCS), União dos Cabindenses pela Independência (UCI), Movimento Democrático de Cabinda (MDC) e Os Democratas Liberais de Cabinda (DLC) dirigiram uma carta ao Presidente angolano pedindo-lhe que reconheça o direito do povo cabindense à autodeterminação, e denunciando "um clima de repressão militar", perseguições, tortura e assassínios.
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