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França

Partido socialista francês validou acordo eleitoral com esquerda radical

Depois de resultados historicamente baixos nas presidenciais, abaixo dos 2% dos votos, o Conselho Nacional do Partido Socialista validou ontem o acordo estabelecido na quarta-feira com o partido de esquerda radical ‘França Insubmissa’ de Jean-Luc Mélenchon, juntando-se assim aos restantes partidos, os verdes e os comunistas, que fizeram aliança com a formação que chegou em terceira posição nas últimas presidenciais e pretendem agora obter a maioria nas legislativas do próximo mês de Junho.

Olivier Faure, primeiro secretário do Partido Socialista Francês, durante a reunião do Conselho Nacional do seu partido ontem, dia 5 de Maio de 2022, nas imediações de Paris.
Olivier Faure, primeiro secretário do Partido Socialista Francês, durante a reunião do Conselho Nacional do seu partido ontem, dia 5 de Maio de 2022, nas imediações de Paris. AFP - STEPHANE DE SAKUTIN
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Obtido a custo nesta quarta-feira, o acordo eleitoral entre os socialistas e a formação de Mélenchon que obteve 22% dos votos nas presidenciais, foi objecto de intensos debates de mais de quatro horas ontem entre os cerca de 300 delegados do Conselho Nacional do Partido Socialista. O texto acabou por ser validado por 62% dos votantes, com 167 votos favoráveis, 101 contra e 24 abstenções.

Desta feita, o Partido Socialista passa a integrar a aliança que congrega a ‘França Insubmissa’, o Partido Comunista e os ambientalistas da ‘Europa, Ecologia, os Verdes’ denominada ‘Nova União Popular Ecológica e Social’ cuja ambição é impor uma maioria de esquerda nas legislativas dos dias 12 e 19 de Junho, face ao projecto centrista-liberal de Emmanuel Macron que acaba de ser reeleito para um segundo mandato como Presidente da República.

Nos termos do acordo que o partido de Mélenchon estabeleceu com os seus parceiros, os verdes poderão concorrer em cerca de 100 círculos eleitorais, os comunistas em cerca de 50 e os socialistas em 70, um número aquém das expectativas destes últimos que esperavam obter a possibilidade de se candidatarem em 100 círculos.

Outro ponto de fricção, o posicionamento da França Insubmissa que não é 100% alinhada com as opções políticas da União Europeia, um aspecto que causa mal-estar entre alguns ‘elefantes’ do Partido Socialista.

Entre as vozes críticas, figuram o antigo Presidente François Hollande, ou ainda os seus antigos Primeiros-ministros, Jean-Marc Ayrault e Bernard Cazeneuve, este último tendo aliás colocado em prática a sua ameaça de deixar o partido.

Depois de ter alternado com os conservadores a chefia do poder em França durante as últimas décadas, o Partido Socialista tem estado a atravessar uma grave crise desde 2017 e a chegada de Macron na chefia do Estado. Nesse ano, os socialistas, partido histórico da França, obtiveram 6,36% dos votos, marcando uma marginalização substancial na paisagem política do país.

Este ano, a tendência agravou-se com apenas 1,7% dos votos a favor dos socialistas nas últimas presidenciais, o que coloca até a própria sobrevivência do partido em questão.

Ontem ao saudar a decisão de integrar a aliança com Mélenchon, o primeiro secretário dos socialistas considerou que o voto efectuado pelo Conselho Nacional foi «um momento de clarificação» em que «o voto disse a que espaço político pertencem», ou seja «à esquerda» e não com Emmanuel Macron, sublinhou Olivier Faure.

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