Tio que deu ao sobrinho camiseta "eu sou uma bomba" é condenado

A mãe e o tio de um menino francês de 3 anos que foi à escola com uma camiseta onde se lia "Sou uma bomba" e "Jihad, nascido em 11 de setembro", foram condenados hoje pelo tribunal de apelação de Nîmes, no sul do país, a penas de prisão e pagamento de multas.

Segundo um relatório da Anistia Internacional, os muçulmanos enfrentam mais discriminação na França do que em outros países da Europa. REUTERS/Gonzalo Fuentes

A mãe do menino Bouchra Bagour, uma secretária de 35 anos, foi condenada a um mês de prisão com direito a liberdade condicional e a pagar 2 mil euros (6 mil reais) de multa. O tio da criança, Zeyad Bagour, de 29 anos, empregado num restaurante, pegou dois meses de prisão, também com sursis, e terá de pagar 4 mil euros (12 mil reais) de multa por apologia de crime.

Em abril passado, a mãe e o tio do garoto haviam sido absolvidos em primeira instância, mas a promotoria recorreu da decisão. Na petição, o Ministério Público alegou que o terrorismo passou a ser evocado de forma descomplexada nos dias de hoje e não é possível deixar essas mensagens entrarem nas escolas e nos tribunais franceses.

O tio, que deu a camiseta de presente ao menino, argumentou que só tinha feito uma piada, já que o garoto se chama realmente Jihad, termo que os fundamentalistas islâmicos utilizam para se referir à guerra santa muçulmana, e nasceu no dia 11 de setembro. "Não vejo o que fiz de errado", afirmou Zeyad Bagour, acrescentando que a expressão "eu sou uma bomba é utilizada por todo mundo".

O tribunal de Nîmes também condenou os réus a pagar mil euros (3 mil reais) de indenização à prefeitura de Sorgues, cidade de 18 mil habitantes onde o menino é escolarizado.

Os advogados da defesa consideraram a decisão surpreendente e pretendem apelar na instância judicial superior.