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Brasil/Itália/Caso Battisti

Jornais italianos de esquerda condenam não-extradição de Battisti

A Itália ameaça levar o Brasil ao tribunal de Haia, depois do anúncio feito pelo ex-presidente Lula, negando na semana passada a extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti.

Reprodução do site dos jornais italianos sobre a decisão do presidente Lula.
Reprodução do site dos jornais italianos sobre a decisão do presidente Lula. Reprodução
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Paula Schmitt, correspondente da RFI em Roma

 

O ministro das relações exteriores, Franco Fratini, chegou a sugerir um possível rompimento das relações diplomáticas com o Brasil. Mesmo os interesses comerciais do país estão sendo relegados a segundo plano: alguns representantes de associações comerciais pedem que o premiê Silvio Berlusconi ameace o país de retaliações econômicas. De acordo com a imprensa brasileira, o Parlamento italiano pode também não aprovar um acordo de cooperação militar com o Brasil para a construção de navios e fragatas.

Na Itália, até os jornais de esquerda estão condenando a não-extradição de Battisti. O jornal Il Fatto Quotidiano, famoso pelas críticas ao governo de Berlusconi, classifica Battisti de "terrorista, homicida assumido, e jamais arrependido." Para o jornal, a decisão de Lula é um erro grave. Já o Corriere della Siera ressalta que a decisão do governo brasileiro de não extraditar Battisti surpreendeu a Itália. O jornal também fala do passado de Dilma Rousseff como guerrilheira, e de seu tempo na cadeia durante a ditadura militar.O título do jornal italiano La Stampa também dá destaque ao assunto, dizendo que o governo brasileiro insiste que a decisão de Lula é justa.

Ao contrário de outros guerrilheiros de esquerda, Battisti foi condenado pelo assassinato de pessoas que não tinham nada a ver com o governo, ou com as empresas ligadas ao governo. É difícil encontrar um italiano que considere Battisti inocente. Uma das supostas vítimas do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, do qual Battisti fazia parte, foi um joalheiro assassinado na frente da família. O crime foi premeditado. Semanas antes, a vítima havia reagido a tiros contra um assalto a mão armada, matando um dos assaltantes. O filho do joalheiro também foi atingido e sobreviveu, mas vive em uma cadeira de rodas. Ele está organizando agora, manifestações que devem acontecer essa semana na frente da embaixada brasileira em Roma.

A decisão de Lula pode ser publicada ainda nesta segunda-feira pelo Diário Oficial da União. Neste domingo, o novo ministro brasileiro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu a posição de Lula. "Após ler o parecer da Advocacia-Geral da União, não tenho a menor dúvida de que a decisão do presidente Lula foi correta. Nem sempre quando um país adota decisões soberanas, você tem a aceitação de todos. O presidente decidiu em estrita consonância com o nosso direito e com o que o Supremo Tribunal Federal (STF) tinha manifestado", disse Cardozo à Agência Brasil.

O embaixador italiano no Brasil, Gherardo La Francesca, convocado para consulta pelo governo italiano, adiou a viagem e assistiu à cerimônia da posse de Dilma neste sábado. Neste domingo, o novo chanceler brasileiro, Antonio Patriota, minimizou a crise, dizendo que a presença do embaixador era uma demonstração do desejo de ambos os países de darem continuidade às parcerias em diversos setores.

 

 

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