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Quênia/terrorismo

Milícia islâmica Al-Shebab preparava vingança contra o Quênia

Para especialistas do mundo islâmico, o ataque do Al-Shebab contra um shopping em Nairóbi, capital do Quênia, já era esperado. O grupo terrorista somali, que hoje conta com aproximadamente 5 mil membros, já havia ameaçado o país após o exército queniano ter enviado tropas para a Somália no final de 2011.

Sheik Ali Mohamud Rage, porta-voz da milícia islâmica Al Shabab.
Sheik Ali Mohamud Rage, porta-voz da milícia islâmica Al Shabab. AFP/STRINGER
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Em entrevista à RFI, Marie-Aude Fouere, do Instituto Francês de Pesquisas sobre a África avalia que a invasão ao shopping Westgate pode ser vista como uma resposta direta à participação das tropas quenianas no combate contra a milícia Al-Shebab no sul da Somália. “Al-Shebab já havia ameaçado de atacar pontos nevrálgicos de Nairóbi, especialmente shoppings. Logo, para quem acompanha as informações sobre o Quênia, esse ataque não é uma surpresa”.

A especialista argumenta também que, provavelmente, o grupo que invadiu o shopping veio da Somália, mas passou algum tempo em Nairóbi para poder preparar o ataque. Durante esse período, eles também podem ter conseguido recrutar mais terroristas na capital queniana. Segundo estimativas de analistas, hoje 10% de membros Al-Shebab seriam estrangeiros.

Na avaliação de Rachid Abid, a milícia islâmica decidiu atacar neste momento por ver fragilidades na economia e na política quenianas. “O Quênia se mostra vulnerável neste momento e a economia não se mostra tão dinâmica. Al-Shebab deve ter estimado que, atacando o país agora, eles poderiam enfraquecer o Estado queniano. Mas aconteceu o contrário. O governo e a oposição se uniram. A opinião pública deve pedir uma intervenção militar queniana na Somália ainda mais robusta”, disse em entrevista à RFI.

A milícia Al-Shebab - jovens em árabe- se define como combatentes contra os “inimigos do Islã”. Em 2006, com o apoio dos Estados Unidos, forças etíopes invadiram a Somália para derrubar a União de Tribunais Islâmicos que controlava a capital Mogadíscio e desestabilizava o governo somali. A milícia Al-Shebab nasceu como uma resposta a essa intervenção internacional.

Depois de ser expulsa de Mogadíscio em agosto de 2011 pelas Forças da União Africana (Amisom) que apoiam o governo somali, a milícia islâmica, que é ligada à Al-Qaeda, abandonou o sul e o centro do país, mas manteve uma presença importante em zonas rurais do país de onde continua a preparar ataques contra o governo somali.

Recentemente, o grupo terrorista atacou instalações da ONU em Nairóbi e também esteve por trás de um atentado contra o presidente da Somália, Hassan Cheikh Mohamoud, que escapou ileso. A milícia islâmica também escolheu como alvos as organizações internacionais e ONGs que trabalham no país.

 

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