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Ucrânia/Crise

Iúlia Timochenko recebe acolhida triunfal dos manifestantes em Kiev

A ex-primeira-ministra Iúlia Timochenko, libertada neste sábado do hospital penitenciário onde estava detida, foi recebida por 50 mil pessoas na praça da Independência, centro da contestação em Kiev. Ela chamou os manifestantes de "heróis" e se desculpou em nome da classe política pelos sofrimentos inflingidos à população. Destituído pelo parlamento, o presidente Viktor Yanukovich tentou fugir do país, mas foi impedido pelos serviços de segurança da fronteira.

A opositora Iúlia Timochenko falou para 50 mil pessoas reunidas na praça da Independência em Kiev neste sábado (22).
A opositora Iúlia Timochenko falou para 50 mil pessoas reunidas na praça da Independência em Kiev neste sábado (22). REUTERS/Yannis Behrakis
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Muito emocionada, sentada em uma cadeira de rodas, Iúlia Timochenko pediu que os manifestantes continuem mobilizados e prometeu que lutará para que as esperanças deles sejam respeitadas. Ela chamou os militantes na praça de "heróis" e lamentou não ter podido participar do combate.

A ex-primeira-ministra se "desculpou em nome da classe política" pelos sofrimentos vividos pela população ucraniana. Ela disse ter visto "uma nova Ucrânia" emergir dos eventos recentes e considerou que as conquistas dos opositores podem servir de agora em diante de exemplo para outros povos da antiga União Soviética.

A libertação de Iúlia Timochenko, líder da Revolução Laranja em 2004, foi possível porque os deputados retiraram um artigo do código penal que havia permitido sua condenação em 2011 a sete anos de prisão por abuso de poder.

Os parlamentares também consideraram que a ausência do presidente Viktor Yanukovitch, que se refugiou no leste da Ucrânia, de maioria russófona, justificava uma destituição de facto do chefe de Estado e a organização de eleições antecipadas no dia 25 de maio.

Golpe de Estado

O presidente Viktor Ianukovitch comunicou que não pretende pedir demissão e qualificou os eventos de "golpe de Estado".

O serviço de segurança das fronteiras anunciou na noite deste sábado que havia impedido a decolagem do voo charter no qual ele havia embarcado no aeroporto de Donetsk, no leste do país.

Homens armados tentaram subornar os agentes de fronteiras para que autorizassem a decolagem do avião, nessa região onde Yanukovitch iniciou sua carreira política nos anos 90.

Diante da recusa das autoridades, ele teve que desembarcar do avião e foi embora de carro. Seu destino não foi informado.

O presidente destituído ainda pode contar com o apoio das regiões orientais do país, cujos dirigentes denunciaram a legitimidade do parlamento nacional e anunciaram que pretender conservar o controle de seus territórios.

Aliados russos

O outro aliado de Yanukovitch é a Rússia. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou que a Ucrânia está nas mãos de "extremistas armados" e de "adeptos de pogroms" cujos atos ameaçam a soberania nacional e a ordem constitucional.

Moscou acusa os diplomatas europeus de não terem respeitado os termos do acordo concluído nesta sexta-feira (21), e pelo qual Yanukovitch se comprometia a fazer uma série de reformas.

Um elemento essencial que pesou na balança e permitiu os acontecimentos deste sábado foi o fato de as forças armadas terem anunciado em um comunicado que respeitariam suas "obrigações constitucionais" e se manteriam afastadas da atual crise política.

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