Aung San Suu Kyi em Haia para defender Myanmar
Aung San Suu Kyi em Haia, no Tribunal Internacional de Justiça para defender Myanmar da acusação de genocídio contra os rohingya. A audiência de três dias começou hoje.
Publicado a:
Mais de um milhão de pessoas forçadas ao exílio, acusações de crimes de guerra, violações, tortura, execuções sumárias… Myanmar vai ter de justificar a repressão sangrenta perpetrada pelo exército birmanês, desde 2017, contra os rohingyas. Para defender a acção de Naypyidaw, Aung San Suu Kyi, antiga opositora acérrima da junta birmanesa, deslocou-se a Haia.
Foi ícone dos direitos humanos durante anos e prémio Nobel da Paz em 1991, agora Aung San Suu Kyi dirige o governo civil da antiga Birmânia.
A líder birmanesa decidiu deslocar-se à Holanda para em tribunal defender o seu país da acusação de genocídio contra a minoria muçulmana rohingya. A presença da prémio Nobel da Paz 1991 no Tribunal Internacional de Justiça é vista pelos defensores dos direitos humanos como mais um passo na “queda em desgraça” de Aung San Suu Kyi.
O dossier dos rohingyas agora analisado e julgado foi desencadeado pela Gâmbia, que apresentou queixa junto do Tribunal Internacional de Justiça em nome da Organização da Cooperação Islâmica, que congrega 57 países muçulmanos. A ex-Birmânia é acusada de ter violado a convenção para a prevenção e a repressão do crime de genocídio e de ter procurado exterminar os rohingyas enquanto grupo étnico, com base em questões políticas e religiosas.
Acusações gravosas que se baseiam em relatórios das nações Unidas e de advogados gambianos, que recolheram o testemunho de mais de 600 rohingyas nos campos de refugiados do Bangladesh.
Está completamente fora de questão a Myanmar reconhecer e assumir as acusações. Naypyidaw baseia a sua defesa no acordo de repatriamento assinado com o Bangladesh. Centenas de milhares de Rohingyas encontram-se refugiados no país vizinho, onde se amontoam em campos sobrelotados. A ex-Birmânia sublinha que está empenhada em autorizar o seu regresso a solo nacional, argumento que serve à sua defesa no Tribunal Internacional de Justiça.
Desde que Aung San Suu Kyi anunciou a sua deslocação à Holanda que as manifestações em seu apoio se multiplicam. A maioria da população do país considera os Rohingyas como imigrantes ilegais. A escolha de se deslocar a Haia é também vista como uma forma de unir o país, uma vez que a sua liderança é fortemente criticada ora pelos grupos étnicos ora pelos nacionalistas, apoiados pelos militares. A isto acrescenta-se as eleições gerais de 2020.
Para os militantes dos direitos do homem, a decisão de Aung San Suu Kyi se deslocar pessoalmente a Haia é considerada incompreensível.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro