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Insegurança alimentar

Fome intensificou-se no mundo em 2023

A fome intensificou-se no mundo em 2023, com cerca de 282 milhões de pessoas em 59 países a enfrentar insegurança alimentar aguda devido a conflitos, especialmente em Gaza e no Sudão, mas também devido a eventos climáticos extremos e choques económicos. O alerta foi dado esta quarta-feira, 24 de Abril, por 16 organizações da ONU e humanitárias.

A fome intensificou-se no mundo em 2023, com cerca de 282 milhões de pessoas em 59 países a enfrentar insegurança alimentar aguda.
A fome intensificou-se no mundo em 2023, com cerca de 282 milhões de pessoas em 59 países a enfrentar insegurança alimentar aguda. © MICHELE CATTANI/AFP
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Trata-se de um aumento de 24 milhões de pessoas em relação a 2022, detalha o último Relatório Mundial sobre Crises Alimentares da Rede de Informação sobre Segurança Alimentar (FSIN), que considera as perspectivas "sombrias" para o ano em curso.

É o quinto ano consecutivo em que o número de pessoas em situação de insegurança alimentar aumenta. Esta degradação deve-se, em parte, ao alargamento das áreas abrangidas pelo relatório. Além disso, somam-se "novos confrontos ou a intensificação de antigos" e a "deterioração acentuada da situação em contextos-chave de crises alimentares, como o Sudão e a Faixa de Gaza".

Cerca de 700.000 pessoas estavam à beira da fome em 2023, incluindo 600.000 em Gaza. Um número que não pára de subir no território palestiniano assolado pela fome e pela guerra, para 1,1 milhões de pessoas.

Desde o lançamento deste relatório, em 2016, pela Rede Global contra as Crises Alimentares, uma aliança que reúne organizações das Nações Unidas, União Europeia, Estados Unidos e organizações humanitárias, que "o número de pessoas em situação de insegurança alimentar passou de 108 milhões para 282 milhões, enquanto a prevalência (a proporção da população afectada dentro das áreas afectadas) passou de 11% para 22%",.

A crise alimentar continua desde então no Afeganistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Nigéria, Síria e Iémen.

"Num mundo de abundância, crianças morrem de fome. Guerras, caos climático e crise do custo de vida - combinados com acção humana inadequada - resultam em quase 300 milhões de pessoas enfrentando uma crise alimentar aguda em 2023", sublinhou o secretário-geral da ONU, António Guterres, no prefácio do relatório.

Guterres pede um aumento das contribuições dos estados, especialmente porque os custos de distribuição da ajuda aumentaram.

 "Todos sabemos por que a fome está aumentando em muitas regiões do mundo e conhecemos as soluções. Mas sem recursos e vontade política necessários para implementá-las, continuaremos no nosso caminho actual", advertiu a directora do Programa Mundial de Alimentos, Cindy McCain, durante uma apresentação do relatório online.

"É imperdoável que mais de 281 milhões de pessoas sofram de fome aguda enquanto os mais ricos do mundo continuam a obter lucros extraordinários, incluindo as empresas aeroespaciais e de defesa que contribuem para alimentar os conflitos, a principal causa da fome", escreveu a ONG Oxfam. 

Segundo Fleur Wouterse, directora-adjunta do escritório de emergências e resiliência da FAO, para 2024, a evolução "dependerá do fim das hostilidades". "Assim que o acesso humanitário" a Gaza e ao Sudão for possível, a ajuda poderá, por exemplo, "atenuar rapidamente" a crise alimentar nesses locais.

A responsável acrescenta que o fenómeno meteorológico El Niño também pode "levar a uma seca severa na África Ocidental e Austral". 

Segundo o relatório, as situações de conflito ou insegurança foram em 2023 a principal causa de insegurança alimentar aguda em 20 países ou territórios, afectando 135 milhões de pessoas. Em seguida, vêm os choques económicos (75 milhões de pessoas em 21 países) e eventos climáticos extremos como inundações ou secas (72 milhões de pessoas em 18 países). 

Angola: 1.3 milhões em insegurança alimentar aguda em 2023

Em Angola, 4% da população enfrentou níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 2023, e a situação deve piorar em 2024. “Prevê-se que até 1.5 milhões de pessoas ou 5% da população enfrentem níveis elevados de insegurança alimentar aguda” em 2024, sublinha o documento.

O aumento dos níveis elevados de insegurança alimentar aguda para 2024 “reflecte a expectativa de fraca precipitação durante a época de colheita de 2023/24, as baixas reservas alimentares das famílias e a inflação persistente dos alimentos e dos combustíveis”.

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