Que papel pode ter a SADC na luta contra o terrorismo no norte de Moçambique?

Moçambique passa a partir de hoje e durante um ano a assumir a presidência rotativa da SADC, numa altura particularmente delicada, uma vez que as suas forças de defesa estão actualmente envolvidas num combate renhido contra grupos jihadistas que na semana passada tomaram o controlo da zona portuária de Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado.

O Presidente Moçambicano Filipe Nyusi assumiu oficialmente a presidência rotativa da SADC por um ano nesta segunda-feira 17 de Agosto de 2020. © Secretariado da SADC

Esta localidade do norte de Moçambique é uma peça-chave dos empreendimentos de exploração de gás natural que o país pretende implementar e simultaneamente tem sido um dos epicentros da violência que nos últimos três anos provocou mais de 1.500 mortos e 250 mil deslocados naquela zona.

Contudo, apesar de apelos neste sentido, nada indica que possa haver no imediato uma intervenção dos países da SADC em Cabo Delgado para acabar com os ataques, considera Calton Cadeado, especialista moçambicano de questões de segurança ligado ao Centro de Estudos Estratégicos de Maputo.

Embora considere que "há mais espaço para uma intervenção da SADC", o analista refere que "Moçambique está a perguntar se esta intervenção tem que ser no domínio da partilha de logística, de informação ou o combate a partir do território moçambicano". Para Calton Cadeado "esta é a discussão que está a a atrasar eventualmente a decisão sobre que tipo de intervenção a SADC pode fazer".