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Moçambique

Total acusada de “homicídio involuntário” e “não assistência a pessoa em perigo” no ataque a Palma

 Foi apresentada, esta segunda-feira, uma queixa-crime em França contra a TotalEnergies por “homicídio involuntário” e “não assistência a pessoa em perigo”, aquando do ataque a Palma, em Moçambique. Mais de 1.400 pessoas morreram ou desapareceram neste ataque.

Vista aérea do megaprojecto de gás natural liquefeito de Afungi. Março 2021
Vista aérea do megaprojecto de gás natural liquefeito de Afungi. Março 2021 AFP - GRANT LEE NEUENBURG
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 Foi apresentada, esta segunda-feira, uma queixa-crime em França contra a TotalEnergies por “homicídio involuntário” e “não assistência a pessoa em perigo”, aquando do ataque a Palma, em Moçambique. Mais de 1.400 pessoas morreram ou desapareceram neste ataque.

Um grupo de sete queixosos, sul-africanos e britânicos, entre eles três sobreviventes do ataque e quatro familiares das vítimas, acusam a multinacional francesa de “homicídio involuntário” e “não assistência a pessoa em perigo” aquando do ataque jihadista a Palma. Diz a acusação que o grupo francês e a filial moçambicana Total E & P Mozambique, falharam no seu dever de protecção dos subcontratados do megaprojecto de gás natural liquefeito e, depois do início do ataque, de salvamento das pessoas em perigo de morte imediata. 

A denúncia baseia-se principalmente na investigação do jornalista Alex Perry, que ao longo de 15 meses se debruçou sobre o que aconteceu em Palma, concluindo que os dados fornecidos pelo Governo moçambicano sobre o sucedido não correspondiam à realidade, uma vez que morreram cerca de 1357 pessoas entre civis e trabalhadores das empresas subcontratadas pela TotalEnergies. Na altura, o Governo falava em dezenas de mortos.

A queixa agora apresentada, refere-se igualmente ao estudo feito pela organização Uprights, encomendado pela Amigos da Terra Moçambique, França e Europa, que identificou graves deficiências nas avaliações do impacto da Total sobre os direitos humanos. O relatório salienta o facto da empresa francesa não ter levado em conta o conflito armado e não ter abordado o impacto das suas operações nos direitos humanos.

A 24 de Março de 2021, o grupo terrorista Al-Chabab, espalhou o terror na província de Cabo Delgado, onde o projecto da Total está localizado, na península de Afungi, a 10 km da cidade portuária de Palma.

Diz a acusação que, perante a ameaça jihadista, a TotalEnergies empenhou-se em reforçar a segurança do local para criar um "amplo perímetro" de segurança em torno de Afungi e mobilizar militares das Forças Armadas moçambicanas para o local. Aquando do ataque, o grupo francês focou-se na retirada do seu pessoal, deixando os subcontratados à mercê dos jihadistas.

Os queixosos denunciam que "não foi definido nenhum plano de evacuação para eles" e que a TotalEnergies não interveio para ajudar aqueles que ficaram encurralados, dando o exemplo do hotel Amarula, de onde a empresa de segurança privada sul-africana Dyck Advisory Group (DAG), mandatada pela forças de segurança de Moçambique, tentou organizar missões de salvamento e resgate por helicóptero. Todavia faltou-lhe combustível e, citado na acusação, o patrão da DAG, Lyonel Dyck, sublinha que a Total “recusou fornecer combustível, sublinhando que não poderia apoiar um grupo de segurança armado”.

Citada pelo jornal francês Le Monde, em resposta, a TotalEnergies fala em “informações incorrectas”, garantindo ter “aplicado os protocolos de segurança”, nomeadamente para a “retirada de numerosos civis e fornecimento de ajuda urgente aos civis que se refugiaram à entrada das suas instalações”.

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