Acesso ao principal conteúdo
Ofensiva israelense

Israel manterá bloqueio em Gaza

O governo israelense também anunciou que outros barcos devem chegar à costa de Gaza na quarta-feira e alertou que não vai permitir novas tentativas de ruptura do bloqueio na região, imposto em 2007.  Em uma declaração, ONU lemanta mortes e pede uma investigação “completa e imparcial.”

Manifestantes protestam contra ofensiva israelense nas ruas de Nova York.
Manifestantes protestam contra ofensiva israelense nas ruas de Nova York. Reuters
Publicidade

Um dia depois do ataque às seis embarcações que levavam suprimentos para a população de Gaza, o governo de Israel iniciou nesta terça-feira o interrogatório dos militantes pró-palestinos. Cerca de 700 pessoas estão presas na cidade portuária de Ashod, para onde foram conduzidos os barcos da Frota da Liberdade. Entre os detentos está a cineasta brasileira Iara Lee. Em entrevista à imprensa brasileira,  ela diz que os israelenses atacaram de "forma indiscriminada." Ela também se recusou a assinar um documento assumindo que entrou ilegalmente no país, o que poderia acelerar sua deportação.

Segundo o ministro da segurança interna, Yitzak Aharonovitch, os presos devem ser liberados rapidamente. O primeiro-ministro francês, François Fillon, pediu a "libertação imediata" dos nove franceses e dos civis detidos a bordo do navio. Alguns prisioneiros gregos disseram que foram ameaçados na prisão. O ataque aos barcos deixou pelo menos nove pessoas mortas e 30 feridos, mas segundo a ONU, o número de vítimas fatais pode chegar a 19.

O governo israelense já alertou que não vai admitir que outros barcos naveguem na costa de Gaza e tentem furar o bloqueio. Segundo a rádio militar, duas outras embarcações carregando ajuda humanitária devem chegar na quarta-feira à região, e também devem ser interceptadas pela Marinha de Israel. Um nos navios vinha da Irlanda para se unir ao comboio atacado na segunda-feira e não chegou a tempo.

Enquanto isso, Israel continua o processo de investigacão e deportação dos quase 670 ativistas que participaram da Frota da liberdade. Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Israel, o processo pode demorar alguns dias. Pelo menos 480 ativistas estão detidos na prisão de Beer Sheva, no sul de Israel, e outros 130 estão sendo transferidos do porto de Ashdod para a prisão. 48 pessoas que concordaram com a deportação foram transferidas para o aeroporto internacional Ben Gurion, em Tel Aviv.

O exército israelense comecou a investigar nesta terça-feira a operação que impediu que a expedição que carregava 10 toneladas de ajuda humanitária rompesse o bloqueio imposto ao território palestino em 2007, desde que o grupo extremista Hamas assumiu o controle na região. Apesar da mobilização da comunidade internacional,que considera que Israel passou dos limites, parlamentares e militares questionam as decisões que levaram aos violentos confrontos a bordo do navio turco Marmara.

02:12

Nathalia Watkins, correspondente da RFI em Jerusalém

O primeiro ministro Benjamin Netanyahu, que cancelou uma visita a Washington e retornou a Israel, deve reunir seu gabinete para discutir as consequências do ataque ainda nesta terça-feira. A imprensa israelense questiona a maneira como as embarcacoes foram recebidas por Israel, mas parece concordar que o bloqueio a Gaza deve continuar. Além disso, a mídia local lamenta mais um fiasco da diplomacia israelense.

Líderes arabes homenagearam as vítimas com uma greve geral e marchas nas comunidades árabes. A polícia está em estado de alerta em todo o país. No início da manhã, dois palestinos foram mortos quando, segundo fontes israelenses, tentavam cruzar a fronteira e entrar em Israel. Mais cedo, um míssil kassam atingiu o sul de Israel, sem deixar feridos. Além disso, as forcas israelenses reforçaram a segurança nas fronteiras com a Síria, Líbano e Faixa de Gaza.

Nesta terça-feira, o governo egípcio também reabriu a fronteira com Gaza, conhecida como passagem de Fatah, a única região que não sofre o bloqueio israelense. Segundo o presidente Hosni Moubarak, o objetivo é facilitar a entrada de ajuda humanitária e a circulação de doentes e feridos.

ONU pede investigação imparcial

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas foi taxativo e pediu uma investigação “imparcial” do ataque israelense, exigindo a liberação de todos os civis presos. A reunião de emergência do conselho começou na tarde desta segunda-feira e terminou de madrugada. A reunião foi realizada a pedido da Turquia e do Líbano, país que ocupa a presidência temporária do Conselho de Segurança.

Um desacordo entre a Turquia, redatora do projeto de texto, e os Estados Unidos, aliado de Israel, criou um forte impasse para a redação de uma declaração da ONU contra o ataque, que lamentou as mortes, mas não condenou Israel. A reunião foi realizada a pedido da Turquia e do Líbano – país que ocupa a presidência temporária do Conselho de segurança. Em um comunicado comum, a Rússia e a União Europeia também pediram uma investigação “completa e imparcial.”

Em Nova York, O Conselho de Segurança realizou uma sessão de consultas a portas fechadas e em seguida abriu um debate público onde participaram, além dos países membros do Conselho, representantes da Palestina e de Israel. Os países que compõe o Conselho de Segurança, além de expressarem solidariedade e indignação, pediram que Israel dê explicações completas sobre o ocorrido. A declaração, aprovada pleos 15 membros, associou o incidente às negociações para a retomada do processo de paz. O conselho condenou o ataque ao comboio de 6 navios que iam em direção à Gaza e foram tomados pelas forças israelenses.

O ataque foi realizado por membros de uma unidade de elite do exército israelense, a cerca de 20 milhas da faixa palestina, o que representa, segundo a ONU, águas internacionais. O chanceler turco, Ahmet Davutoglu, declarou que a ação foi terrorista, que isso é homicídio cometido por um Estado. A maioria dos ativistas presentes no comboio eram turcos.

01:43

Cleide Klock , correspondente da RFI em Nova York

O secretário-geral adjunto da ONU para Assuntos Políticos, o argentino Oscar Fernández Taranco ressaltou que esse acidente ocorreu "em um momento em que todos os esforços deveriam estar focalizados em reconstruir a confiança e em avançar nas negociações entre israelenses e palestinos". Ele pediu que as negociações continuem.

A embaixadora no Brasil na ONU, Maria Luiza Viotti, disse que o seu país recebeu com choque e consternação as notícias. De acordo com ela, o Brasil condena a ação israelense e pede o fim do bloqueio contra Gaza.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.