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China/Censura

China censura artigo sobre enriquecimento suspeito de família de Wen Jiabao

A China censurou nesta sexta-feira uma reportagem publicada ontem no jornal americano New York Times, afirmando que a família do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, de origem modesta, enriqueceu nos últimos anos a ponto de possuir hoje uma fortuna estimada em US$ 2,7 bilhões. 

O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao.
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. Reuters
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A transparência definitivamente não é um negócio da China. As autoridades de Pequim bloquearam nesta sexta-feira os acessos ao site do jornal americano, ao principal serviço de microblogs do país e todas as buscas na internet com as palavras-chave Wen Jiabao e New York Times.

A mãe do ex-premiê, uma ex-professora primária, hoje com 90 anos, é citada na reportagem do NYT como sócia de uma empresa do setor financeiro, na qual teria investido US$120 milhões de dólares cinco anos atrás. Familiares do premiê, entre eles irmãos, irmãs, filhos e a mulher, Zhang Beili, possuem negócios rentáveis nos setores bancário, de turismo, telecomunicações, infra-estrutura e joalheria, afirma o jornal americano, referindo-se à esposa de Jiabao como a "rainha dos diamantes", um setor de atividade controlado pelo Estado. 

O filho único do casal, Wen Yunsong, teve uma ascensão fulgurante, descreve o NYT. Ele vendeu uma empresa de tecnologia à família de um magnata de Hong Kong, fundando em seguida uma corretora de investimentos que se tornou uma das maiores da China. O governo de Cingapura é sócio da empresa. Já um irmão do premiê chinês é dono de uma empresa de reciclagem que faturou contratos públicos de US$ 30 milhões, garante o jornal americano. 

NYT lembra que em 2007 o primeiro-ministro declarou à alta hierarquia do partido que cabia aos dirigentes zelar para que amigos e familiares não abusassem de sua influência nas altas esferas do poder. O NYT afirma que as empresas da família Jiabao receberam investimentos públicos colossais, curiosamente de estatais sob a tutela do primeiro-ministro.

O jornal tentou ouvir a família do dirigente, que declinou o convite. Um porta-voz da diplomacia chinesa se limitou a dizer hoje que a reportagem suja a reputação da China e tem segundas intenções. Especialistas dizem que é preciso analisar a reportagem com cautela, pois as informações podem ter sido vazadas por opositores do Partido Comunista Chinês habituados a manipular a imprensa ocidental, principalmente a duas semanas da abertura do 18° Congresso do PCC que vai nomear os novos dirigentes do país.

Por sinal, o ex-dirigente Bo Xilai foi excluído hoje da Assembleia Nacional Popular, dominada pelo PCC, o que põe fim à sua imunidade parlamentar e abre caminho para sua condenação num nebuloso escândalo de corrupção. A mulher de Xilai já foi condenada pelo assassassinato de um empresário britânico. Homem forte do PCC na cidade de Chongqing, Xilai caiu em desgraça justamente quando ele almejava assumir um posto no escalão superior do partido durante o próximo congresso.

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