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índia/ violência

Namorado de vítima de estupro relata indiferença de testemunhas

As acusações contra cinco dos seis acusados pelo estupro coletivo de uma estudante em Nova Délhi foram novamente analisadas hoje pela Justiça, que convocou seis dos cinco acusados a comparecerem no tribunal na segunda-feira. Ontem, o namorado da vítima, testemunha da agressão, se exprimiu pela primeira vez e reclamou da indiferença das testemunhas das agressões.

Nepalesas fizeram um protesto e pediram justiça no caso do estupro coletivo de jovem indiana.
Nepalesas fizeram um protesto e pediram justiça no caso do estupro coletivo de jovem indiana. REUTERS/Navesh Chitrakar
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A jovem de 23 anos morreu no dia 29 de dezembro em um hospital de Cingapura, depois de permanecer 13 dias entre a vida e a morte ao ser violentada por seis homens e espancada com barras de ferro, dentro de um ônibus. Os suspeitos foram presos e a polícia acusou formalmente cinco homens, de 19 a 35 anos, por sequestro, estupro e assassinato durante uma primeira audiência, na última quinta-feira, perante o tribunal do distrito de Saket, no sul da capital.

Um sexto suposto autor, que alega ser menor de idade, foi submetido a exames ósseos para verificar que realmente tem 17 anos, antes de ser levado a um tribunal de menores. O tribunal de Saket realizou neste sábado uma segunda audiência para analisar o caso, que comoveu profundamente o país e provocou diversas manifestações exigindo que as mulheres sejam mais protegidas, em uma sociedade marcada pelos privilégios concedidos aos homens. Na audiência de hoje, protegida por forte aparato de segurança policial, os acusados foram convocados a comparecer à Justiça na segunda-feira.

Indiferença de pedestres

O namorado da vítima, um engenheiro informático de 28 anos, saiu pela primeira vez do silêncio na sexta-feira. Em uma entrevista concedida à agência AFP e à rede de televisão Zee News, ele relatou a "crueldade" dos agressores e sua dor por não poder salvá-la.

"O que posso dizer? A crueldade que eu vi não deveria ser vista nunca mais. Tentei lutar contra os homens, depois supliquei várias vezes que a deixassem", declarou por telefone de Gorajpur, uma cidade de Utar Pradesh (norte), onde vivem seus pais.

Depois de sair de um cinema e de tentar, sem sucesso, pegar um riquixá – tipo de táxi indiano -, os dois jovens embarcaram em um ônibus normalmente utilizado para levar estudantes, mas que estava ocupado por um grupo de homens que tomaram o veículo para um "passeio noturno". Uma vez no interior, o jovem foi agredido, enquanto sua namorada foi estuprada repetidamente e agredida sexualmente com uma barra de ferro oxidada, e depois lançada nua para fora do ônibus. As agressões duraram cerca de uma hora, conforme o jovem.

“Eu não consigo nem descrever o que sinto quando penso em tudo. Eu tremo de dor”, relatou.
O namorado da vítima denunciou a indiferença das testemunhas do crime, e disse que ele e a companheira ficaram mais de meia hora na rua à espera de assistência. “Um pedestre nos viu, mas foi incapaz de dar o seu casaco à minha namorada”, contou. Segundo ele, o casal só chegou a um hospital após 90 minutos de espera.

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