Premiê egípcio não exclui participação de partidários de Mursi no governo de transição
O novo primeiro-ministro egípcio, Hazem Beblawi, não exclui a participação de alguns representantes da Irmandade Muçulmana, o movimento do qual fazia parte o presidente deposto Mohamed Mursi, no governo de transição que está sendo formado. A condição é que sejam capacitados para os postos. A declaração foi feita nesta quinta-feira por telefone à agência France Presse.
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Os critérios exigidos por Beblawi são: eficiência e credibilidade. Se "alguém for proposto pelo Partido da Liberdade e da Justiça (o braço político da Irmandade Muçulmana) e essa pessoa for qualificada para o cargo", o premiê diz que vai considerar sua nomeação.
A Irmandade Muçulmana já havia se recusado nesta quarta-feira a participar do novo governo, alegando que não vai "compactuar com os golpistas". A referência é aos militares que destituíram o presidente Mohamed Mursi, do Partido da Liberdade e da Justiça.
Aos 76 anos, Hazem Beblawi foi vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças do primeiro período de transição no Egito, após a queda de Hosni Mubarak no início de 2011. Ele tem uma tarefa árdua pela frente.
Beblawi assumiu na terça-feira com a missão de conduzir o processo de transição política decretado pelo presidente interino Adly Mansour, que prevê a adoção de uma nova Constituição e a organização de eleições legislativas até o início de 2014.
Esse plano foi rejeitado pelos extremistas islâmicos e criticado até pelos opositores laicos de Mursi, que lamentaram a ausência de uma discussão nacional e prometeram apresentar emendas.
Nas ruas do país, a tensão entre os dois campos adversários continua forte.
A desconfiança dos islâmicos partidários de Mursi em relação às novas autoridades foi reforçada nesta quarta-feira com o lançamento de um mandado de prisão contra o guia supremo da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, e outros líderes do movimento. Eles são acusados de incitar a violência durante confrontos que deixaram 53 mortos na segunda-feira, diante da sede da Guarda republicana no Cairo.
A investigação sobre esses confrontos, os mais graves desde o início dessa crise política, já resultou no indiciamento de 200 pessoas.
Na própria segunda-feira a Irmandade Muçulmana havia acusado os policiais e os soldados de terem atirado e realizado um "massacre". O exército garante que respondeu a um ataque de "terroristas".
Na noite desta quarta-feira, após o rompimento do jejum no primeiro dia do mês sagrado do ramadã, milhares de pessoas manifestaram em apoio a Mursi diante da mesquita Rabaa al-Adawiya no Cairo.
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