Caso Snowden não impede diálogo com a Rússia, diz secretário de Estado americano

As relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Rússia se sustentam por "interesses comuns" apesar das diferenças, disse nesta sexta-feira (9) o secretário de Estado americano John Kerry em referência ao caso Snowden. A declaração foi dada depois do encontro com o chanceler russo Serguei Lavrov.

O secretário de Estado americano John Kerry e o chanceler russo Serguei Lavrov Foto: Reuters

"A relação entre os Estados Unidos e a Rússia é muito importante, marcada por interesses comuns e conflitos", disse Kerry durante o encontro. Acompanhado do secretário americano da Defesa Chuck Hagel, ele fez uma analogia com o hockey, dizendo que, na diplomacia, às vezes existem "trombadas." Russos e americanos se encontraram nesta sexta-feira em Washington para uma reunião ministerial que visa manter o diálogo entre os países.

Russos e americanos vivem uma crise diplomática desde a concessão de asilo político ao ex-consultor da CIA Edward Snowden, que revelou a existência de um programa de rastreamento de dados eletrônicos privados que atingem internautas do mundo todo. O presidente Barack Obama chegou a cancelar o encontro bilateral que teria com o presidente Vladimir Putin à margem do G-20, que acontece em setembro em São Petesburgo. Obama chegou a dizer que os russos às vezes agiam com a "mentalidade da Guerra Fria."

Kerry admitiu a decepção dos Estados Unidos com a libertação de Snowden, mas também disse isso não impedia uma cooperação mútua. Ele espera que o país avance na discussão de outros temas urgentes: entre eles, a situação na Síria e no Afeganistão, e os programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte. O chanceler russo também reconheceu que as duas potências, apesar das diferenças, deveriam fazer o máximo para evitar a proliferação de armas de destruição massiva.

Kerry e Lavrov são conhecidos por manter um bom relacionamento. Mas o caso Snowden gerou uma grande tensão entre as potências, já que os russos se recusaram a expulsar o ex-consultor para os Estados Unidos, apesar dos pedidos insistentes de Washington, que o acusa de espionagem.